Motoristas que tentaram passar, nesta sexta-feira, pela estrada que liga Tamarana (62 km ao sul de Londrina) ao Distrito de Lerroville (zona sul de Londrina), foram impedidos de prosseguir por dezenas de moradores que protestavam contra as péssimas condições da via.
Queimando pneus na pista, os manifestantes obstruíram a passagem de veículos e só permitiram o acesso da polícia e da imprensa.
''Só vamos liberar a estrada com a presença do prefeito'', sustentou o comerciante Noel Aparecido da Costa, 35 anos, organizador do protesto.
Os manifestantes - a maior parte moradores dos jardins Juni e Nova Esperança, bairros cortados pela estrada - exigiam que o prefeito de Tamarana, Paulo Mitio Nakaoka (PMDB), fosse até o local e garantisse a realização de obras na estrada. Moradores disseram que já tentaram vários contatos com o prefeito mas não foram recebidos.
A forte chuva que caiu deixou ainda mais nítido o motivo da manifestação. Em pelo menos um quilômetro da estrada, o asfalto, já bastante precário, cedeu ainda mais com a chuva e ganhou inúmeras poças d'água, resultado dos buracos que se acumulam na pista.
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A massa asfáltica se misturou com o barro e deixou muita sujeira. Munidos de picaretas e marretas, manifestantes aproveitaram a fragilidade do asfalto para cavar mais buracos. ''Do jeito que está, era preferível que isso fosse uma estrada de terra. Faz três anos que a estrada está assim e a cada dia piora um pouco'', reclamou o comerciante José Raimundo da Silva, 47 anos.
Os manifestantes também espalharam bananeiras pela pista em protesto contra o descaso do município. A Polícia Militar (PM) decidiu não interferir no protesto. ''Vamos acompanhar à distância, para evitar transtornos'', explicou o sargento Arnaldo Oliveira.
Um cartaz estendido em um poste ostentava o que mais se ouvia dos presentes ao protesto: ''Já toleramos o bastante. Merecemos respeito''. Além de solicitações ao prefeito, os moradores disseram que enviaram pelo menos três ofícios à Câmara de Vereadores de Tamarana, também sem resultado. ''Nós queremos a obra agora, urgente. O prefeito diz que vai fazer só no ano que vem. Para quê? Para fazer média em ano de eleição?'' indagou Silva.
De acordo com os moradores, acidentes envolvendo veículos e também pedestres são frequentes no local. O caminho é usado por muitas crianças que estudam em escolas no centro de Tamarana. É comum tropeçarem nos buracos ou se arriscarem em meio aos desvios de automóveis.
''Nossos filhos vão para a escola e a gente fica preocupada. Tem vezes que o ônibus não passa por aqui e eles têm que se arriscar a pé'', relatou a diarista Maria Alves Neto, 36 anos.
O risco se converteu em consequências reais no caso do encarregado rural Francisco Marques de Assis, 60 anos. Só agora ele começa a se recuperar de um acidente sofrido há cerca de um mês. Assis contou que dirigia sua motocicleta quando foi atingido por um Volks que desviava de buracos. ''Fraturei costelas, acabei tendo um enfarte e passei sete dias no hospital. Mas tive sorte de não morrer'', observou, apontando para o trecho esburacado onde ocorreu o acidente.