Os critérios usados para chegar ao número de pavimentos do Fórum que ficarão em pé basearam-se na Lei de Zoneamento de Curitiba. Pelo projeto original, criado pelo paisagista Burle Marx, nos anos 50, o Fórum de Justiça não poderia ter mais do que quatro andares. A imposição do limite serviria para resguadar a visão geral do Centro Cívico, cujo destaque principal é o prédio do Palácio Iguaçu (sede do governo do Estado).
Com a redução do número de andares, o diretor do Decom estima que vai ser possível aumentar a sustentação dos pavimentos aproveitados. "Aliviando o peso dos oito andares sobre a fundação e os pilares, as lajes dos outros quatro andares poderão receber um reforço, o que não seria viável em todos os 12 andares", diz o diretor-geral do Departamento Estadual de Construção e Manutenção (Decom), Saburo Ito.
Entidades que acompanham o debate sobre o destino do esqueleto de concreto questionaram a solução encontrada pelo governo e o Tribunal de Justiça. O presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea), Luiz Antônio Rossafa, declarou por meio da assessoria de imprensa que seria preciso realizar um estudo técnico desde o subsolo até o terraço para constatar se todos os andares poderiam ou não ser aproveitados.
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"Baseado em quê critérios o governo diz que não pode aproveitar os oito andares restantes? Seria preciso avaliar a obra como um todo", indaga Rossafa. O diretor do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge), Rasca Rodrigues, estranhou que o governo tenha mudado o discurso.
"Para justificar a colocação da cerca em volta da praça Nossa Senhora de Salete, o governo disse que o projeto do Burle Marx estava ultrapassado, mas agora veio a público dizer que decidiu baixar o número de andares do Fórum só para obdecer a concepção original do Centro Cívico", quetiona Rodrigues. Segundo ele, o governo não deveria ter cedido às pressões do Poder Judiciário para encontrar uma "saída bíblica, sem nenhum fundamento técnico".
De acordo com Saburo Ito, a retirada do concreto vai obedecer uma sequência. Primeiro, serão removidos os pisos (lajes) para reduzir o peso sobre a estrutura. Em seguida, é a vez das vigas e pilares. O método não coloca em risco a sustentação do prédio, segundo Ito.
A demolição dos pavimentos será feita com equipamentos parecidos com os usados no resgate das vítimas de acidentes de trânsito. Macacos hidráulicos e pneumáticos vão "cortar" oito dos 12 andares do esqueleto. O aparelho produz pesos que podem atingir várias toneladas, que são pressionadas contra a superfície que necessita de remoção.