Desde o dia 10, quando a Administração de Alimentos e Drogas (FDA), órgão de vigilância dos Estados Unidos, anunciou a aprovação para venda comercial naquele país do medicamento Glivec, usado no tratamento de leucemia mielóide crônica (LMC), o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC/UFPR) vem recebendo inúmeros telefonemas de interessados em saber quando o produto será comercializado no Brasil.
A expectativa do laboratório Novartis, responsável pelo desenvolvimento da nova droga, é que o medicamento esteja no mercado no mês de junho. O laboratório enviou pedido de registro do remédio à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no início deste mês, e a solicitação está, agora, sendo analisada pela Câmara Técnica de Medicamentos da Agência.
Por enquanto, só cerca de 200 pacientes em todo País têm acesso à droga, que está sendo considerada como a grande esperança no tratamento da LMC. Estes pacientes participam de um protocolo assinado, em outubro do ano passado, pela Novartis e cinco instituições brasileiras, para testarem o medicamento, entre elas o HC/UFPR, considerado uma das melhores instituições no tratamento e realização de transplantes.
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No HC, de acordo com o médico Ricardo Pasquini, chefe do Setor de Transplante de Medula Óssea, aproximadamente 70 pessoas participam dos testes. O protocolo prevê o ingresso de dez pacientes por mês no programa. "Os resultados continuam sendo melhores do que os esperados, o que mostra que o remédio é altamente promissor", diz Pasquini. Ele ressalta, no entanto, que outras conslusões sobre o uso da droga só serão conhecidos com mais tempo de estudos. "Ainda não se sabe por quanto tempo a pessoa terá que usar o remédio, se ele significa a cura definitiva, se pode haver recaída", explica.
Nos Estados Unidos, a FDA analisou o pedido da Novartis em menos de três meses, em regime de "aprovação acelerada", por causa do sucesso no tratamento da doença. Em geral o processo de aprovação leva de seis meses a um ano. No Brasil, os testes estão sendo feitos em pacientes que não podem se submeter a transplante ou que tenham apresentado resistência ao Interferon, medicamento usado normalmente.
O médico Adriano Dornelles, de 58 anos, foi um dos primeiros pacientes de Curitiba a usar o remédio. Ele descobriu que tinha LCM em outubro de 1998, quando um exame de sangue apontou a existência de 490 mil leucócitos (glóbulos brancos) em seu sangue (o normal é ter menos de 10 mil).
Resistente ao Interferon, começou o tratamento com o Glivec em outubro do ano passado. "Em seis meses ele já negativou a leucemia e hoje a doença não é mais destectada nos exames de sangue", diz. Segundo Pasquini, isto não significa a cura total da doença, mas mostra que Dornelles, que já teve 100% de suas células da medula afetadas pelo câncer, hoje tem menos de 5% das células ainda doentes.