A celebração ecumênica que marcou a 16ª Romaria da Terra do Paraná reuniu hoje (19/08) pelo menos 25 mil romeiros nos municípios de São Jerônimo da Serra e Jataizinho, no Norte do Estado. Sob o tema ''Terra, Água e Etnias'', a romaria deste ano denunciou a morte e a discriminação dos povos indígenas, o processo de privatização, o comércio das águas e a construção de usinas hidrelétricas no Rio Tibagi. Os romeiros também coletaram assinaturas para um abaixo-assinado pedindo a imediata paralisação da construção da Usina Hidrelétrica de São Jerônimo da Serra.
A romaria, organizada pela Comissão Pastoral da Terra do Paraná (CPT/PR) e Diocese de Cornélio Procópio, foi realizada em São Jerônimo justamente por causa da construção da Usina Hidrelétrica de São Jerônimo da Serra, cujo direito foi adquirido, em junho, por um consórcio empresarial no qual participa a Companhia Paranaense de Energia (Copel). O Rio Tibagi, que nasce nos limites dos municípios de Palmeira e Ponta Grossa e morre em Sertaneja/Primeiro de Maio, tem extensão de 554 quilômetros e é o último grande rio paranaense que não possui barreiras.
Pela manhã, uma multidão se reuniu em frente a uma praça de São Jerônimo da Serra, que já abrigou um cemitério indígena. Na abertura, jovens integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), cobriram o corpo com terra em sinal de protesto. Em seguida, um grupo de índios caingangues da Reserva de Apucaraninha entoou cantos contra o abandono da comunidade indígena. ''Os índios são completamente contra o projeto porque já existe uma usina perto da aldeia que só trouxe prejuízo ao nosso povo'', afirmou o coordenador da reserva, Aparecido Pají Marcolino.
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Por volta do meio-dia, a caravana com 140 ônibus lotados de romeiros paranaenses e de outros estados deixou a cidade em direção à ponte sobre o Rio Tibagi, em Jataizinho. Os romeiros se concentraram às margens do rio e foi feita uma partilha simbólica de pão.
O coordenador da CPT/PR, Dionísio Vandresen, destacou que a terra, a água e o ar são bens inalienáveis, que não podem ser privatizados. Ele afirmou que entidade não é contra a produção de energia, mas sim a forma como esse processo está sendo conduzido, ''baseada no entreguismo a grupos privados''. ''Antes dessa barragem ficar pronta, a Copel já poderá estar privatizada. Que garantias se tem de que a população terá essa energia?'', questionou.
Vandresen disse também que ainda não foram realizadas as 11 pequenas audiências públicas nos municípios impactados pela construção da Hidrelétrica de São Jerônimo, que haviam sido acertadas na audiência pública realizada em março, naquele município. Ele reclamou que os relatórios ambientais realizados para dimensionar os impactos provocados pela construção da barragem não esclarecem a quantidade de famílias - tanto das aldeias indígenas quanto da população em geral - que serão prejudicadas.
Leia mais na reportagem de Luciano Augusto na Folha de Londrina/Folha do Paraná desta segunda