A Sanepar vai ter que aumentar em oito vezes a quantidade de carpas na Barragem do Iraí, que abastece 70% de Curitiba e parte da região metropolitana, para tentar acabar com as algas que estão causando mau cheiro na água. De acordo com o engenheiro bioquímico francês Daniel Cleret - especialista em tratamento de água trazido pela empresa ao Brasil - o número de peixes adultos lançados há cerca de um mês na represa é insuficiente.
Em cinco de julho, a barragem recebeu 45 mil alevinos e 2 mil carpas de um quilo. A Sanepar está providenciando cerca de 15 mil novos peixes adultos para lançar na represa. Também por sugestão de Cleret, a empresa dobrou a quantidade de carvão ativado em pó utilizado nas estações de tratamento.
Nas duas estações que tratam a água do Iraí (Tarumã e Iguaçu) são usadas oito toneladas de carvão por dia para tentar diminuir o gosto e o cheiro da água. De acordo com o diretor de operações da Sanepar, Jean-Marie d'Aspe, estão sendo feitos testes com maior quantidade e com outras variedades de carvão.
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Cleret disse que o carvão em pó não resolve totalmente o problema da alteração da água. "A solução definitiva pode ser o produto granulado, que ainda não pode ser utilizado nas estações de tratamento existentes." O uso do carvão aditivado granulado na nova estação de tratamento do Iraí (prevista para entrar em operação em março de 2002) está em estudos pela Sanepar.
O especialista descartou a possibilidade do carvão ter algum efeito nocivo na água. "O único problema seria o aspecto desagradável se o carvão escapasse do tratamento e chegasse até a caixa d'água."
Para acabar com as algas, ele fez também outras sugestões que serão estudadas pela Sanepar. A plantação de junco na beira da barragem ajudaria a capturar o fósforo, que serve da alimento. Outra idéia, seria regular a altura do vertedouro, que auxiliaria na retirada do material flutuante.
Mas a principal atitude para resolver o problema, de acordo com Cleret, é a educação ambiental. O problema do Iraí, segundo ele, é estar localizado numa região habitada, com despejo de esgoto clandestino. O esgoto libera fósforo e nitrogênio, que alimentam as algas.
Equipes do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) começaram no final da semana passada uma fiscalização para identificar emissão de esgoto clandestino no Iraí. A Polícia Florestal também está fazendo vistorias na região.