A Santa Casa de Curitiba apresentou, nesta quinta-feira, o resultado de uma cirurgia realizada no último dia 16, que pode acabar com as rejeições nos enxertos de válvulas cardíacas e pulmonares. A intervenção, realizada pela primeira vez na América Latina, segue o mesmo princípio de implante já usado em caso de insuficiência das válvulas.
A diferença é que, pelo processo anterior, a válvula é implantada com células do doador, o que leva à rejeição do órgão depois de algum tempo. Com a nova técnica, a válvula é descelularizada, ou seja, as células do doador são retiradas para que não gerem rejeição futura. A cirurgia foi realizada no garoto Marcos Vieira de Oliveira, 12 anos, que recebeu alta médica nesta quinta-feira.
''A válvula implantada recebe um tratamento para que seja mais bem aceita pelo corpo. Ela é implantada sem as células do doador, e o que se espera é que a pessoa que recebeu o enxerto produza novas células, regenerando a válvula'', explicou o cardiologista Hermínio Haggi Filho, da equipe de cardiologia do hospital.
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Segundo o vice-provedor da Santa Casa, o cardiologista Iseu Affonso Costa, inicialmente nos casos de insuficiência as válvulas eram substituídas por válvulas metálicas e posteriormente por válvulas de animais - principalmente de porco. Há cerca de oito anos, a Santa Casa também foi pioneira no Brasil ao usar válvula humana. ''Apesar de muito parecida com a válvula do paciente, o enxerto de válvula humana com células do doador sempre trazia rejeição depois de um tempo'', contou. Em adultos, a rejeição acontece, em média, depois de 15 a 20 anos. Com crianças, a rejeição é mais rápida em função do metabolismo infantil ser mais acelerado.
A nova cirurgia - homoenxerto valvar criopreservado e descelularizado por técnica de engenharia de tecidos - vem sendo realizada em indicações experimentais, há quatro anos, nos Estados Unidos e Alemanha. No Paraná, estudos experimentais com carneiros estão sendo feitos há um ano pelo Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da PUC, graças a um convênio de cooperação acadêmica feito com a Clínica Universitária Charité, da Universidade de Berlim.
Até agora, segundo o médico chefe do setor de cardiologia, Francisco Affonso Costa, a técnica vem se mostrando eficiente em enxertos para a válvula cardíaca aorta e válvulas cardíacas.