Mesmo com as chuvas dos últimos dias, é fundamental o uso racional
A estiagem fez com que o governo do Paraná decretasse em maio situação de emergência hídrica. A determinação tem validade de 180 dias e, mesmo com as chuvas ocorridas nos últimos dias, o alerta continua. No que diz respeito à agricultura, a região de Apucarana está em uma situação um pouco mais favorável do que o Oeste do Paraná e da capital Curitiba.
"Houve uma redução de cerca de 30% no volume de água dos mananciais, mas mesmo com alguns períodos de 10 a 12 dias sem chuvas, o milho na segunda safra não teve prejuízos”, explica o Engenheiro Agrônomo Romeu Suzuki, inspetor de Agronomia do Crea-PR, especialista em Agroecologia e Agricultura Biodinâmica. Os Inspetores são profissionais da comunidade que exercem um cargo eletivo e que auxiliam os trabalhos do Crea-PR no setor em que atuam.
Leia mais:
Mulheres na Ciência: professora da UTFPR é selecionada pelo CNPq
Incentivo à ciência: alunas de Assaí conquistam prêmio da Fiocruz
Projeto do governo Ratinho retira poder de conselho ambiental e prevê ampliar licenças simplificadas no Paraná
Motociclista morre após sair da pista e colidir contra barraca na BR-153 em Japira
"Está terminando a colheita de milho, e as chuvas que ocorreram foram suficientes para começar o plantio de trigo. Estamos em uma região privilegiada, em que ocorreu chuva intercalada mesmo sendo de pouca quantidade, 5mm, 10 mm”, comenta o Engenheiro Agrônomo.
De acordo com dados do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), nos três primeiros dias de junho choveu 27.2 milímetros, o suficiente para zerar o déficit hídrico do solo, mas não para normalizar a situação dos rios, que ainda estão com níveis baixos, como explica a agrometeorologista Heverly Morais.
Quanto à irrigação, como praticamente 99% dos agricultores utilizam o sistema de gotejamento, o agricultor de hortaliças e verduras não sentiu falta de água. "Somente em alguns locais que todo ano têm problemas, em mananciais que está sendo captada água além da capacidade, como o bairro Nova Amoreira, em Marilândia do Sul, por exemplo”, detalha Suzuki.
Apesar de a situação estar sob aparente controle, é preciso lembrar que há necessidade de tempo para a água ser armazenada. "Para ocorrer a infiltração da chuva no solo e chegar ao lençol freático, leva de dois a três meses, por isso a dificuldade de captação”, completa o inspetor do Crea-PR. "Em Novo Itacolomi, o nível do lençol freático baixou muito e os poços artesianos reduziram a captação”, afirma.
"A previsão futura é entrar no processo do fenômeno La Niña. Com o resfriamento do Oceano Pacífico, não tem evaporação de água e, com certeza, no segundo semestre vamos ter falta de chuva. No plantio de soja pode agravar a situação”, projeta o Engenheiro Agrônomo.
E como o agricultor pode se preparar? "Com o clima não tem como ir contra. Com planejamento, interessante seria investir em sistema de irrigação e, para as futuras gerações, é preciso proteger o que hoje ainda está bom. Em vários mananciais que estão com problemas de abastecimento no Paraná, não se trata de uma causa imediata. Houve falta de chuva por um período de um ano, um ano e meio, e também há a má conservação de solo, já que a terra não guarda água, escorre. É preciso cuidar do armazenamento de água no solo que abastece o manancial, repensar o manejo correto deste solo. A maioria das propriedades faz o mau manejo do solo, o que resulta em pouca conservação e baixa retenção de água que causam redução nos níveis das minas e no abastecimento”, diz o inspetor do Crea-PR.
Mesmo diante de um cenário mais favorável na região de Apucarana do que no restante do Paraná, Suzuki reitera a importância do uso racional da água em todos os momentos. "A consciência de economia de água é para todos os dias. Tem que ser cultural. A água que você utiliza em casa precisa ser economizada”, frisa o Engenheiro.
Os Inspetores são profissionais da comunidade que exercem um cargo eletivo e que auxiliam os trabalhos do Crea-PR no setor em que atuam.
Meio ambiente
Em ocasião do Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho, data escolhida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para incentivar a conscientização e ação em todo o mundo para proteger o meio ambiente, o inspetor do Crea-PR chama a atenção para a responsabilidade individual.
"Olhe ao seu redor e veja como está. Se você fizer a sua parte, manter o seu ambiente limpo, melhora de maneira geral toda a parte ambiental”, completa Suzuki."Apucarana é conhecida como ‘Cidade Alta’, que está de 800 a 900 metros de altitude (em relação ao nível do mar), e é cabeceira de nascentes que precisam ser protegidas”, reitera.
"Toda vez que chove, se for nas partes mais baixas da cidade, é impressionante a quantidade de copos descartáveis e vasilhames de marmitas. Essas grandes cargas de entulho, entopem as manilhas e alagam as ruas. E esse lixo é levado para as nascentes dos rios Ivaí e Tibagi, depois para o mar.
Deve-se começar a pensar na proteção desses locais. Gostaria que cada um se conscientizasse e pensasse na parte de limpeza ambiental. Quando se pensa em meio ambiente, a primeira imagem que vem é de floresta preservada. Mas é preciso observar ao redor onde você vive, se o seu quintal está limpo”, alerta.
Crea-PR
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná, criado no ano de 1934, é uma autarquia responsável pela regulamentação e fiscalização dos profissionais das áreas das engenharias, agronomias e geociências. Além de regulamentar e fiscalizar, o Crea-PR também promove ações de orientação e valorização profissional por meio de termos de fomentos disponibilizados via Editais de Chamamento.