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No Paraná

Sem-terra invadem fazenda de prefeito

Redação - Folha de Londrina
18 jun 2003 às 21:20

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Cerca de mil integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) invadiram nesta quarta-feira a Fazenda Laranjeiras, em Rio Bonito do Iguaçu (125 km a oeste de Guarapuava). A fazenda, de 550 alqueires, tem 13 proprietários, entre eles o prefeito do município, Cezar Augusto Bovino (PMDB), dono de 34 alqueires.

O prefeito disse que a maior área tem 58 alqueires e é de seu irmão, local onde estão os sem-terra. Os proprietários, que já tinham interdito proibitório expedido em 3 de fevereiro, conseguiram ordem de reintegração de posse na Justiça na tarde desta quarta.

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De acordo com a Polícia Militar, a invasão aconteceu por volta das 7h. Segundo o prefeito, cinco pessoas, entre elas uma criança de 3 anos, sobrinha dele, e o ex-prefeito Leonel Schmidt, foram impedidas de deixar a fazenda até por volta do meio-dia.

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O tenente Gilmar Santana, comandante do destacamento no local, disse que não houve qualquer confronto, mas confirmou que as cinco pessoas haviam sido retidas na área. Segundo Santana, há 2 mil famílias de sem-terra acampadas na BR-158, que liga Rio Bonito do Iguaçu a Laranjeiras do Sul.

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Terça-feira à noite foi preso no acampamento Francisco de Assis Moretti, por porte ilegal de arma. Ele é chamado de agitador pela polícia, vivendo no acampamento apesar de ser dono de duas funerárias na região.


Bovino disse que a invasão aconteceu unicamente pelo fato de ele ser o prefeito. ''É mais por questão política'', afirmou. O assentamento na Fazenda Araupel, com 1.641 famílias, o maior da América Latina, apoiava outro candidato a prefeito. ''Depois que ganhei eles sempre ameaçam'', denunciou. Bovino afirmou ter entrado em contato com o governador Roberto Requião (PMDB) e com vários secretários. ''O governador só esperava a reintegração de posse para tomar uma atitude'', disse.

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Durante uma solenidade, Requião disse que estava com o MST ''entalado na garganta''. Segundo ele, recentes invasões de terra estavam ''passando um pouco do razoável''. ''Mais cedo ou mais tarde, se as coisas continuarem desse jeito, vamos ter que fazer despejos, o que será uma tragédia'', afirmou.


Requião se declarou o único governador que defende e apóia o MST, mas reclamou não entender ''porque o movimento se comprometeu a dar uma trégua mas não deixou passar uma semana e já está invadindo novamente''.


O presidente da Comissão Especial de Mediação de Questões Agrárias, o secretário do Trabalho e Promoção Social, Padre Roque Zimmermann, disse a trégua não foi acertada com os sem-terra. ''Foi solicitado de um lado, mas negado do outro'', afirmou. Mas ele pediu uma trégua para ''produzir soluções''. ''O acirramento dos ânimos só prejudicará o próprio MST'', disse.''Nós estamos com boas perspectivas, mas nada é rápido.''

Desde o início do ano aconteceram cerca de 30 invasões de propriedades rurais no Paraná, quase todas com reintegração de posse expedida pela Justiça.


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