Os funcionários administrativos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) voltam a paralisar as atividades quase três meses depois de encerrarem uma greve de 96 dias. Ontem, em assembléia pela manhã, os servidores decidiram que vão interromper até sábado os atendimentos da universidade, que inclui também o Hospital de Clínica de Curitiba - o maior da Capital. Ontem, até o fim da tarde, nem o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Terceiro Grau do Paraná (Sinditest) ou a UFPR tinham um balanço sobre quantos setores deixaram de funcionar.
O diretor de Política Social do Sinditest, Antônio Aleixo, explicou que a continuidade da paralisação está condicionada a uma negociação da categoria com o governo federal, no fim de semana. Aleixo afirmou que a paralisação foi motivada pela quebra do acordo por parte do Ministério da Educação (MEC).
No último movimento, que foi nacional, os funcionários administrativos encerraram a manifestação, com a promessa da publicação de uma medida provisória garantindo o reajuste. O aumento previsto era de 10% para a categoria de servidores de apoio, que tem salário-base de R$ 151,00; 15% para os de nível médio, que recebem R$ 280,00; e 45% para os de nível superior - com salário-base em torno de R$ 460,00.
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"O governo não cumpriu o acordo, causando insatisfação entre os servidores", afirmou Aleixo. Por enquanto, o protesto contra o MEC se limita a UFPR, ao contrário da outra greve, quando os servidores de quase todas as entidades de ensino federais cruzaram os braços. "Com uma nova rodada de negociação, vamos ver se o movimento pode se estender por outras universidades", afirmou.
A manifestação é vista com simpatia pelo reitor Carlos Alberto Antunes dos Santos, que disse ser justa as reivindicações da categoria. Antunes faz parte da comissão nacional que negocia aumento com o governo federal. A sua assessoria de imprensa informou que o reitor, como membro da Associação dos Dirigentes de Entidades Federais de Ensino Superior (Andifes), vem mantendo semanalmente diálogos com o ministério, mas sem obter resultados.
Já a direção do HC não se posicionou sobre o movimento, mas solicitou uma liminar para manter os serviços básicos do hospital. No total, a UFPR tem 3,7 mil servidores, sendo 2.050 do Hospital de Clínicas. Por enquanto, os professores da UFPR não devem aderir a paralisação dos servidores técnicos-administrativos da universidade. De acordo com o presidente da Associação dos Professores da UFPR, Emannuel Appel, os funcionários do corpo docente vão apenas prestar solidariedade aqueles que cruzaram os braços. "Mas se a paralisação dos servidores continuar, vai ser inevitável, a médio prazo, discutir uma manifestação dos docentes", afirmou.
Appel disse que os funcionários do corpo docente de todo o País devem se reunir, nesta sexta-feira, em Brasília, para discutir sobre as negociações salariais com o governo federal. "A Associação Nacional dos Docentes (Andes) vai se reunir também com os demais servidores federais, que decidem como será conduzida a pauta salarial daqui para frente", afirmou, acrescentando que o encontro com as demais categorias acontece no sábado.
Caso seja sinalizado algum indicativo de greve, o presidente da associação informa que os professores na UFPR ainda terão que avaliar a proposta, antes de se engajar em um paralisação. Todo esse processo deve se encerrar no fim de novembro, quando os professores têm uma assembléia marcada.
Caso a greve dos servidores ganhe corpo no Hospital das Clínicas (HC), os demais hospitais de Curitiba já prevêm aumento nos atendimentos. No Cajuru, um dos maiores da Capital e vinculado a Pontifícia Universidade Católica (PUC), a estimativa é que o atendimento aumente entre 15% a 20%. Os serviços médicos municipais também devem registrar alta nos atendimentos, como aconteceu na primeira greve do HC.
De acordo com Mário Oldemar de Freitas, supervisor de atendimento do Cajuru, o reflexo da paralisação do HC será sentido de imediato. "Muitos procedimentos realizados no Hospital das Clínicas devem ser encaminhados diretamente para cá", afirmou. Por mês, o hospital-escola da PUC atende 12 mil pessoas.
No Hospital do Trabalhador, a diretora geral, Marilise Borges Brandão, acredita que os reflexos serão nos internamentos da pediatria, maternidade e procedimentos clínicos. "Na última greve, subiram de 260 para 360 os atendimentos na maternidade", afirmou.
Por mês, o Hospital de Clínicas atende 61 mil pessoas, fazendo 1.750 internações, 783 cirurgias, 191 partos e mais de 90 mil exames. Os pacientes vem da Região Metropolitana e Curitiba (sendo 80,5% do total), do interior do Paraná (12,38%) e dos estados e países vizinhos (7,13%).