Os servidores técnico-administrativos do Hospital de Clínicas (o maior hospital universitário do Paraná) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR) iniciaram uma greve por tempo indeterminado, em Curitiba. A decisão foi ratificada durante uma assembléia da categoria, realizada na manhã de ontem, num dos auditórios da Reitoria da UFPR.
Os servidores federais pedem uma reposição salarial de 75,48% desde janeiro de 1995, contratação de pessoal técnico-administrativo (o déficit somente de professores universitários no País seria de 8 mil vagas), autonomia com democracia na universidade, um plano único de carreiras e salários, revisão da Medida Provisória 2.150/39 que prevê gratificação para todos os servidores com exceção dos aposentados, defesa dos hospitais universitários e fim das discussões sobre a contratação de funcionários no regime CLT.
Após a assembléia, os servidores tomaram o saguão principal do Teatro da Reitoria, onde estão acontecendo algumas apresentações do Festival de Teatro de Bonecos. O comando geral de greve ficará instalado no local. Foram divididas equipes para discussões da questão ética da paralisação, comissão de mobilização, de finanças, de imprensa e divulgação.
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"É uma greve com representatividade nacional. Estamos numa situação quase de sinuca. Não podemos aceitar as determinações do governo federal, a edição de medidas provisórias que acabam com a isonomia salarial entre ativos e inativos. Nosso movimento é de resistência e indignação", destacou Paulo Adolfo, diretor de formação sindical do Sindicato dos Trabalhadores do Terceiro Grau Público de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral (Sinditest).
Os servidores esperam para agosto a adesão dos demais funcionários públicos federais, inclusive dos professores da UFPR. No dia 5 deverá ocorrer uma nova plenária em Brasília para discutir o assunto.
No Hospital de Clínicas, dois mil servidores técnico-administrativos deverão aderir a greve. Os primeiros reflexos serão sentidos com a não admissão de novos internamentos. Na greve do ano passado, que durou 96 dias, a paralisação acabou fazendo com que os hospitais de Curitiba ficassem com os leitos lotados. "A situação tende a se repetir", admitiu Adolfo.
Apenas serão assegurados os atendimentos considerados de urgência e emergência. As Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), os atendimentos a recém-nascidos e as quimioterapias serão garantidas para os pacientes. "Não queremos deixar ocorrer nenhuma tragédia ou omissão de socorro. Vamos apenas encaminhar pacientes com casos menos urgentes para os demais hospitais de Curitiba", explicou ele.
Na sexta-feira, os grevistas prometem fazer uma nova assembléia para avaliar os resultados obtidos na primeira semana e definir o nome de um negociador para estar fazendo a ponte entre os servidores federais de Curitiba e Brasília.
A assessoria de imprensa do Hospital de Clínicas informou que a greve ainda não havia interferido nas ações cotidianas no hospital. Os primeiros prejuízos no atendimento ao público estão previstos para esta quinta-feira.