A crise instalada no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) vai além da falta de funcionários. Pelo menos é o que alega o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do 3º Grau Público de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral (Sinditest), Antônio Néris de Souza. Ele apresentou, nesta segunda-feira, ao Conselho de Administração do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), uma série de denúncias envolvendo má gestão e descaso por parte da direção do hospital. Entre as irregularidades, Néris aponta o não cumprimento da carga horária pelos médicos e ociosidade de equipamentos por falta de manutenção.
O sindicalista cita o exemplo de médicos que deveriam cumprir carga de trabalho de 20 horas semanais e trabalham em média quatro horas por semana. O restante do tempo, segundo ele, esses profissionais trabalhariam em consultórios particulares. ''Isso vem trazendo prejuízos para os pacientes, que são obrigados a esperar até seis meses na fila para fazer uma consulta, além do prejuízo financeiro para o hospital que paga os salários desses médicos'', criticou.
O próprio diretor-geral do HC, Giovanni Loddo, foi alvo das denúncias. Segundo Néris, apesar do contrato de dedicação exclusiva, Loddo não cumpre expediente integral no HC, uma vez que, como funcionário do Estado, continua exercendo o cargo de médico legista no Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba. Um funcionário do IML confirmou que Loddo trabalha no órgão.
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Quanto aos equipamentos do HC, como os de tomografia, ecografia e endoscopia, Néris afirma que quando estragam ficam fora de uso por descaso e má administração do hospital. Segundo ele, existe desinteresse dos próprios médicos de que esses aparelhos passem por manutenção, pois dessa forma, os exames são direcionados para clínicas particulares. ''Com toda crise financeira, o hospital ainda paga para realizar esses exames fora'', salientou. Um equipamento de endoscopia, contou Néris, ficou um mês parado por causa de uma lâmpada queimada que, segundo ele, custaria R$ 80,00.
As denúncias, afirmou Néris, serão analisadas numa próxima reunião do conselho, que deverá acontecer na primeira segunda-feira do mês de maio. Ele antecipou que, caso a direção do HC não tome providências urgentes, o Sinditest vai acionar o Ministério Público.
A Folha tentou ouvir o diretor-geral do HC, Giovanni Loddo, mas ele não foi encontrado no hospital. A assessoria de imprensa informou que ele estaria saindo em viagem para Brasília. Loddo não atendeu as ligações feitas para seu celular.