Passados cinco meses do derramento de 4 milhões de litros de óleo, os nove serventes que adoeceram quando recolhiam o produto ainda não têm os laudos que comprovariam ou não a contaminação por bezeno - componente químico que integra o petróleo. Sem esses documentos, nenhum pode requerer dispensa médica ou aposentadoria por invalidez.
"Fui abandonado pela Petrobras, autoridades do Estado e da cidade. Agora estou trancado em um quarto", queixou-se Juraci Francisco da Silva. Com 30 anos, dos quais 15 se mantendo sozinho, hoje Juraci não consegue articular as pernas e braços e está imóvel em cima de uma cama.
Desde agosto, o laudo que iria identificar as causas de intoxicação dos nove funcionários está emperrado. O levantamento é feito no Centro Metropolitano de Saúde ao Trabalhador (Cesmat).
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"Sem essa avaliação, fica difícil requerer a aposentadoria ou até processar a Petrobras ou a empresa terceirizada pela estatal, que fez com que as pessoas trabalhassem sem nenhuma proteção", disse o advogado do Sindicato dos Petroleiros do Paraná (Sindipetro), Sidnei Machado.
Apesar dessa deficiência, o advogado pretende processar a Petrobras e a Arauserv Limpeza Ltda, que contratou Juraci e também José Marcondes Portela, que está paralítico.
"O processo está demorado e mostra um descaso com essas pessoas", reclamou o tesoureiro do Sindipetro, Jaime de Oliveira Ferreira. No Centro Metropolitano de Saúde ao Trabalhador, a justificativa para demora nos laudos é que está difícil juntar os prontuários médicos das nove pessoas e também realizar alguns exames específicos, pagos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
No INSS, a assessoria de imprensa informou que até o momento não foi realizada a perícia médica nas pessoas, porque não foi feito protocolo. Na Petrobras, a Folha ligou no fim da tarde, mas não encontrou ninguém que se pronunciasse sobre o assunto. "E eu estou ficando aqui desamparado", reclamou Juraci Silva.