Três artistas plásticas abrem duas mostras hoje, às 19h30, no Museu de Arte de Curitiba: "Pêndulo", das curitibanas Denise Bandeira e Laura Miranda, e "Além do Aparente", da paulista Georgia Vilela. A exposição reúne o que as artistas chamam de reflexões sobre o desenho.
Denise e Laura mostram na Sala Célia Neves Lazzarotto as relações entre desenho e corpo. A exposição apresenta um conjunto recente de obras realizadas pelas artistas, nas séries "Corpo Impresso", "Corpo Avesso" e "Corpo Ausente", e referem-se às discussões sobre a natureza do desenho somada às contribuições da longa convivência, das oficinas e das práticas corporais.
A série "Corpo Impresso" (1998/1999) reuniu desenhos obtidos pela impressão do corpo pigmentado: as camadas de pó de grafite e de carvão impregnadas na pele foram transportadas para o papel e o desenho tornou-se uma trama de sucessivas impressões. A intenção é mostrar o risco profundo que penetra no âmago das coisas. Impressão da pele, incisão matriz de todas as coisas.
A série "Corpo Avesso" (2000) resultou do corte contínuo de uma faixa de papel (Fita de Moebius) com extensão de 20 metros. O papel marcado com a impressão do corpo molhado depois foi cortado em tiras finas. A fita formou um emaranhado de linhas, o interior do exterior e o exterior do interior, fazendo o tempo não parecer linear, mas cíclico.
A última série "Corpo Ausente" (2001) foi constituída pelos desenhos com naquim sobre papel japonês, usando a projeção de imagens do corpo. Os traços expressam sínteses entre pincel-tinta, diluído-concentrado e ausência-presença.
As obras da exposição "Além do Aparente", da paulista Georgia Vilela, são chamados desenhos, mas construídos de uma forma muito próxima da pintura. Os trabalhos de Georgia são chamados desenhos por serem econômicos nos meios empregados pela artista na construção da imagem, mas cuja fatura, conquistada durante o seu enfrentamento com os materiais, tangem um domínio próprio da pintura. Sem se preocupar com definições de linguagem, a artista trabalha sobre papéis semitransparentes (acetato ou mateiga) turvando a superfície com tinta óleo negra e verniz.
Gestos vigorosos determinam as configurações do seu trabalho. A aparente precariedade de equilíbrio de suas composições propõe relacionamentos espaciais que sugerem a sensação de velocidade com que as formas são criadas. Representada pela Galeria Monica Filgueiras, a artista apresentou esses trabalhos no Centro Cultural São Paulo no ano passado e este ano já expôs no Centro Cultural da Universidade Federal de Minas Gerais.
Exposições "Pêndulo", de Denise Bandeira e Laura Miranda, e "Além do aparente", de Georgia Vilela, no Museu Metropolitano de Arte de Curitiba - Centro Cultural Portão (Avenida República Argentina, 3430). Abertura hoje, às 19h30 e prossegue até dia 14 de outubro, de terça a quinta-feira, das 13 às 19 horas; sexta-feira, das 13 às 21 horas; sábados, domingos e feriados, das 15 às 19 horas. Entrada franca