Os efeitos da abertura do mercado de telecomunicações começaram em 1999, pouco tempo depois de ter acontecido em muitos países. Naquele ano, segundo a TeleGeography, empresa de pesquisa e análise de mercado setorial com sede em Washington, o tráfego internacional de telecomunicações chegou a 107,8 bilhões de minutos no mundo, o que representa um aumento de 15% em relação a 1998.
Esse quadro está muito ligado ao rápido crescimento das comunicações por meio do sistema Public Switched Telephone Networks ( PSTN), rede de telefonia internacional que utiliza cabos de cobre que transportam, principalmente, informação analógica. Mas hoje o movimento parece estar se deslocando para a chamada VoIP, ou transmissão de voz por meio do uso dos protocolos de Internet. E, como as comunicações por VoIP são mais baratas do que as por PSTN, alguns especialistas já acreditam que a infra-estrutura PSTN está com seus dias contados, apesar de ser a tecnologia dominante no mundo e ter uma enorme capacidade instalada em todo o planeta. Segundo um dos analistas da TeleGeography, o setor das telecomunicações tem hoje "um pé no acelarador [VoIP] e outro no freio [PSTN]."
Precisar de quanto é o tráfego em minutos por meio da Internet não é nada fácil, segundo a TeleGeography. No entanto, estima-se que há apenas três anos o tráfego por VoIP (em minutos) equivalia a apenas 0,5% do total de minutos utilizados internacionalmente. Em 1999, a participação do VoIP no tráfego internacional de voz passou a representar 1,6% do bolo. Este ano espera-se que o VoIP fique com 4,43% do total.
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Em função do fato de a maioria das empresas que oferecem o VoIP estarem sediadas nos Estados Unidos, boa parte do tráfego tem origem nesse país. E a América Latina está entre os principais destinos. Tanto em 1999 como em 2000 as 20 "rotas" mais usadas no mundo nasceram nos Estados Unidos e entre os destinos mais comuns estão México (o número 1), com 36% do total, Brasil (o quarto), com 3%, e Peru e Colômbia (os números 16 e 17 da lista, respectivamente), com 1% do total.
As ligações com IP são mais baratas porque não têm tarifas acertadas entre as empresas estatais de telecomunicações como no sistema PSTN, o que torna seus custos equiparáveis aos das ligações locais. Isso está pressionando todo o mercado. "As tarifas de arbitragem estão baixando na maioria dos países", diz Patrick Christian, analista da TeleGeography.
Mas o fato de algumas empresas que oferecem o VoIP terem se tornado indispensáveis para muita gente não garante sua sobrevivência. "As empresas que fornecem apenas o VoIP não são viáveis economicamente devido à baixa margem de lucro dessa atividade", afirma Christian. Por isso elas estão incorporando outros serviços, como transmissão de dados e vídeo. Além de terem progressivamente acabado com o serviço gratuito.
"Nos primeiros tempos da Internet todas as empresas [de VoIP] se esforçaram para ter serviços gratuitos a fim de atrair usuários e divulgar seus produtos. Mas, como a utilização se massificou e as condições dos negócios mudaram muito, é lógico que se cobre por esses serviços, pois são muito bons, têm uma grande demanda e representam uma fonte de receita para as empresas que os fornecem", declarou recentemente à imprensa Steve Ballmer, presidente da Microsoft.
Com um negócio mais complexo que o dos sites de VoIP (como Deltathree, iBasis etc.), as multinacionais de telecomunicações são compelidas a comandar o avanço dessa tecnologia, diretamente ou por intermédio de sua participação nesses sites (a AT&T controla 40% do Net2Phone). De acordo com Robert Fagin, analista de telecomunicações para o Bear Stearns, um banco de investimentos de Nova York, "a médio e longo prazos as operadoras mais importantes terão que ir passando das redes PSTN para IP. Quando fizerem isso, terão todas as condições de lucrar: contam com economias de escala, seus sócios têm acesso a redes internacionais e seu alcance é muito maior."
O cenário, portanto, está pronto para outra batalha entre as empresas de telecomunicações: a dos serviços de VoIP. O importante é que no final o vencedor seja o usuário.
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