O criador de um estilo de marketing político que marcou as campanhas eleitorais na última década no Paraná está deixando o estado. O jornalista Wianey Pinheiro, 50 anos, um dos três sócios da produtora de comerciais GW, não vai mais fazer campanhas políticas. "É uma decisão estritamente pessoal. Trabalhar em campanhas políticas é uma canseira definitiva e eu cansei de tudo. Até prejudiquei minha vida pessoal e familiar por conta disso", desabafou o jornalista, que contabiliza quatro casamentos e dois filhos.
Antes de se tornar sócio dos jornalistas Woille Guimarães, que cuida da GW em São Paulo (há 10 anos), e Luiz Gonzalez, da GW Brasília (que opera há sete anos), Pinheiro foi chefe de redação da "Folha de S. Paulo", onde permaneceu 12 anos, e editor-chefe do "Jornal Nacional". Há oito anos ele dirige as campanhas vitoriosas dos políticos ligados ao governador Jaime Lerner (PFL). O envolvimento dele com políticos paranaenses começou em 1989, quando dirigiu a campanha do então candidato ao Senado José Eduardo de Andrade Vieira.
Pinheiro conta que um dos diferenciais para o sucesso da GW foi o "mínimo de identidade" entre ele e os políticos com quem trabalhou. "Sem a mínima identidade não dá certo. Nossa fórmula é a do "propalismo", propaganda misturada com jornalismo. E isso não tem as características tradicionais do marketing político porque, em boa parte das vezes, os candidatos deixam de ser os protagonistas das campanhas eleitorais. Nosso diferencial é saber contar a história do povo", destacou.
Leia mais:
Cinco livros para conhecer obra literária de Dalton Trevisan, morto aos 99 anos
Paraná pode ter 95 colégios dentro do programa Parceiro da Escola a partir de 2025
Arapongas e Cambé alertam para golpe do alvará de funcionamento
Com 1.176 casos de dengue, regional de Londrina lidera registros de dengue no Paraná
Ele se considera "quase um ditador" e diz que isso "não é birra". "Eu brigo muito e só mostro os comerciais para os coordenadores de campanhas, ou aos candidatos e os assessores deles, somente depois que as fitas estão nas emissoras, prontos para ir ao ar. Nas campanhas, chega-se a um momento onde apenas uma pessoa tem que dar opiniões e tomar decisões", justifica.
Pinheiro afirma que aprendeu a fazer campanha eleitoral como se fosse um programa de televisão. "Temos uma cultura televisiva forte. E a técnica da propaganda política tem que ser a mais televisiva possível. Por isso, não adianta fazer algo ruim porque o eleitor não vai querer assistir", orienta.
O jornalista disse que torceu, no começo do segundo turno, para que a Assembléia Legislativa aprovasse o requerimento dos deputados oposicionistas a Jaime Lerner, que queriam informações sobre o relacionamento comercial entre a GW e o governo do Estado. "Somos legalistas e trabalhamos, sempre, na mais absoluta transparência. Jamais trabalhamos diretamente com o governo do Estado, somos contratados pelas agências que fazer a publicidade do governo que, para nós, é um péssimo cliente se comparado com a iniciativa privada que é o que realmente nos mantém", salientou.
Ele avalia que a realização do segundo turno em Curitiba foi "significativo" e "importante" para a cidade porque, na opinião de Pinheiro, a população "estava um pouco cansada dos políticos tradicionais, mesmo os do grupo para os quais eu trabalhei". Pinheiro considerou "muito mais difícil" vencer o PT. Mas, na avaliação dele, o marketing da oposição "se perdeu", quando foi obrigado a trocar o discurso light, usado durante toda a campanha, pelos ataques a Cassio Taniguchi.