No último domingo (11) um agente penitenciário (Walter Giovani de Brito, 26 anos) foi morto a tiros; outro ferido (Bruno Mazzini da Silva, 26) e um terceiro (Levindo Custódio Júnior, 34) – que segundo sua versão, revidou os disparos – foi indiciado por tentativa de homicídio e porte ilegal de armas.
Os três estariam alcoolizados e a confusão toda, no entanto, teria sido fruto de um briga de trânsito e não um ato de vingança, conforme afirmaram os agentes. Houve até paralisação das atividades em 23 unidades prisionais do Paraná: os agentes pediam mais segurança e o direito ao porte de armas.
O delegado-chefe da Polícia Civil de Londrina, Sérgio Barroso, disse que as primeiras conclusões sobre a motivação dos crimes – uma discussão de trânsito – partiram principalmente do depoimento de Juliano Jadson Lima dos Santos, 21 anos, que atirou contra os agentes.
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"Ele (Juliano) relatou que a moto foi fechada pelo veículo (o Fiat Uno em que estavam os agentes) e que resolveu, então, emparelhar a moto com o carro, buzinar e reclamar por ter sido fechado na rotatória da Santos Dummont", relatou o delegado Barroso. "Em seguida, segundo a versão do Juliano, o veículo então emparelhou com a moto e o passageiro (que seria Custódio) debruçou-se sobre o motorista (Walter) e começou a tirar satisfação, já armado. Juliano teria então colocado a mão na cintura para retirar o revólver, quando levou um tiro", continuou o delegado.
Desta forma, segundo a versão de Juliano, que está internado no Hospital Universitário (e foi interrogado formalmente na tarde de ontem, 15), ele é que teria revidado os tiros e não o agente penitenciário. Juliano nunca passou pelo sistema prisional e também alega que não conhecia os três agentes e sequer sabia qual era a profissão deles.
"Descartamos a possibilidade de atentado porque o modo de agir de quem pratica um atentado não condiz com os fatos", explicou o delegado. "Além disso, o trajeto feito por Juliano e a trajetória provável do projétil (disparado por Custódio), nos levam realmente a acreditar que o motivo foi um desentendimento de trânsito".
Já Custódio nega esta versão. Disse ao delegado que não viu ou ouviu qualquer discussão de trânsito e que apenas revidou os tiros, depois que Juliano emparelhou a moto com o carro e começou a disparar. Bruno, ouvido pela polícia, disse não se recordar dos fatos porque teria dormido no banco de trás do carro, já que havia bebido.
Os três agentes trabalhavam no CDR e dividiam a mesma casa, uma "república". Eles, segundo a polícia, beberam muito antes e depois do jogo da Seleção Brasileira de Futebol contra a Venezuela. Teriam então fechado o motociclista, que também tinha bebido muito. "O fato é que todos tinham ingerido bebida alcoólica e fizeram uma combinação infeliz e perigosa de bebida, direção e arma de fogo".
O delegado Sérgio Barroso disse que se Juliano receber alta médica, segunda (19) ou terça-feira (20) será realizada uma reprodução simulada dos fatos. O inquérito deve ser concluído na quarta-feira. Juliano foi indicado por homicídio tentado e consumado e Custódio por homicídio tentado e porte ilegal de arma de fogo.