Os núcleos de Maringá e de Umuarama (Noroeste) do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público do Paraná cumpriram na manhã desta quinta-feira (22) mandados de prisão, de busca e apreensão e de afastamento de funções públicas em uma investigação que apura o possível envolvimento de um comandante e de soldados da PMPR (Polícia Militar do Paraná) em casos de corrupção e concussão.
Chamada de Operação Zero Um, as ordens judiciais foram expedidas pela Vara da Auditoria da Justiça Militar Estadual e cumpridas nas cidades de Loanda, Santa Isabel do Ivaí, Planaltina do Paraná, Maringá e Sarandi contra nove pessoas, sendo sete agente de segurança pública.
Foi expedido um mandado de prisão preventiva contra o comandante da Companhia Independente da PM de Loanda, além de nove mandados de busca e apreensão, sete de busca pessoal, um de monitoração eletrônica e três mandados de afastamento de funções públicas.
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Durante o cumprimento da operação em Loanda, outro policial investigado no esquema foi preso em flagrante por posse ilegal de munição.
De acordo com o MP, as investigações apuram a prática de crimes de corrupção ativa e passiva e concussão, onde um funcionário público exige vantagens indevidas em razão da função que exerce, envolvendo agentes de segurança pública do Paraná.
Os mandados tiveram como alvo sete policiais militares, além de outras duas pessoas, e foram cumpridos em endereços pessoais e profissionais. Segundo o Ministério Público, o trabalho começou em setembro de 2024 após o Gaeco de Maringá receber informações relacionadas a um possível prática de crimes militares envolvendo um comandante e soldados de uma corporação da Polícia Militar.
PROPINAS
Com o avanço das investigações, os agentes encontraram evidências de que o comandante da Companhia Independente da Polícia Militar de Loanda cobrava o recebimento de propinas de maneira “estrutural e habitual”. “O comandante praticou ao longo de um determinado período sucessivos, sistemáticos e estruturados atos de corrupção e concussão, envolvendo diretamente outros policiais militares subordinados a ele”, aponta o promotor de Justiça Marcelo Alessandro Gobbato. O comandante segue preso preventivamente em Maringá.
“Apurou-se, ainda, que o esquema contava com um operador financeiro e se manteve estável mediante cobranças de valores indevidos, intimidações e subjugação de subordinados, inclusive como forma de mudar os rumos de procedimentos disciplinares, inquéritos policiais militares, bem como para a obtenção de transferências de unidades”, detalha o Ministério Público.
Esse operador financeiro seria, de acordo com Gobbato, o 'braço direito' do comandante, responsável por fazer as cobranças de propina. Além disso, esse mesmo policial já responde criminalmente por outros atos praticados anteriormente.
Os valores cobrados como propina variavam, mas o promotor detalha o caso de um pagamento de R$ 10 mil para que um subordinado ao comandante fosse transferido para outra unidade da Polícia Militar. "Para cada situação o valor era diferente", esclarece, citando montantes de R$ 2 e R$ 5 mil.
O nome da operação deve-se à forma de tratamento que era direcionada ao superior hierárquico quando do pagamento das sucessivas vantagens espúrias.
PROCEDIMENTO DA PM
Em nota, a Polícia Militar disse que os militares atuam na região Noroeste do Paraná e que será instaurado um procedimento para apurar os fatos, tanto no âmbito administrativo quanto criminal, com a garantia do contraditório e da ampla defesa aos envolvidos. “A Polícia Militar do Paraná reafirma seu compromisso com a legalidade, a moralidade e a transparência, não compactuando com qualquer conduta que se desvie dos preceitos legais”, finaliza. (Com MPPR)
