O gerente de supermercado Jander Bezerra da Silva, de 29 anos, confessou a autoria do assassinato do atendente da farmácia Vale Verde William Aparecido Henrique Ferreira, de 25, durante uma audiência por videoconferência promovida na 1ª Vara Criminal de Londrina nesta segunda-feira (5). Silva falou abertamente diante do juiz, do representante do MP (Ministério Público) e da advogada de defesa que cometeu o crime por ciúmes da vítima com a sua esposa.
O homicídio ocorreu por volta das 11h do dia 27 de fevereiro na unidade da farmácia situada na avenida Inglaterra, Zona Sul de Londrina. O acusado teria entrado no estabelecimento e pedido um remédio, momento em que Ferreira se virou e ele teria efetuado o primeiro disparo, que não saiu. Na sequência, a vítima teria caído e dado alguns passos para trás, quando foi atingida na cabeça e morreu na hora. O projétil ficou alojado na nuca do jovem.
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Na audiência desta segunda-feira, Silva contou detalhes das diversas mensagens que o atendente teria enviado à sua esposa, que, segundo ele, sentia-se "afobada". "Esse rapaz teve um relacionamento com ela e eu acabei descobrindo. No momento, você sabe como é quando um homem descobre, não é fácil. Não fiz nada contra o rapaz, podem ver que não há uma briga minha com ele. Eu só queria seguir a minha vida normal, com a minha esposa e meus filhos, mas o rapaz continuou mandando mensagens e insistindo", justificou-se o acusado, esclarecendo que soube das mensagens "há bastante tempo", sem precisar data.
Silva destacou que a insistência de Ferreira o fez agir por impulso, pois não tinha a intenção de praticar o crime. Uma suposta transferência da vítima para a mesma faculdade em que a esposa do acusado estudava teria sido o estopim para a consumação do homicídio.
"Ele continuou mandando mensagem, e eu li a mensagem que me fez tirar a vida dele, o que eu não queria fazer. Eu sempre trabalhei. Tenho 29 anos, com 12 anos de carteira assinada, sou cidadão de bem e nunca havia me metido com crime, mas o que me fez fazer isso com ele, igual a minha esposa relatou, [...] é que ele pediu transferência da faculdade que estava cursando para a faculdade dela. Isso me desestabilizou e me deixou sem chão", disse, em outro trecho do depoimento.
Em seguida, Silva relatou o dia que teria "surtado" e praticado o crime, salientando que não o fez de maneira premeditada. "Fiquei com medo porque ele estava insistindo demais, mandando mensagens, abafando a minha esposa. Ele destruiu o meu casamento. Foi quando eu surtei, saí do meu serviço, em horário de serviço, peguei a minha própria moto, sem tapar a placa ou fazer nada, e acabei com a minha família, com os meus filhos que amo. Agora estou longe deles e não é fácil não, doutor."
O juiz Paulo Cesar Roldão perguntou ao acusado quem havia cedido a arma do crime, mas Silva preferiu não responder. Ele também explicou que leu as mensagens no celular de sua esposa, mas que ela não sabia.
Nove testemunhas de acusação, incluindo dois policiais, também depuseram sobre o homicídio. Após o depoimento, o MP informou a desistência do exame de material genético em um boné deixado no local do crime, que seria utilizado para identificar o autor.
No dia 8 de março, a Polícia Civil concluiu o inquérito indiciando o gerente por homicídio qualificado, assim como por tráfico de drogas, já que teria participação em um esquema de comércio de entorpecentes. Ele se encontra detido na Casa de Custódia de Londrina. O MP também ofereceu denúncia na segunda-feira (10). Com base na investigação da Polícia Civil, a Promotoria ofereceu denúncia por homicídio com motivo torpe como qualificador. Além disso, o órgão também pediu uma indenização de cem salários mínimos, cerca de R$ 150 mil, à família da vítima, para reparação de danos morais. Na mesma semana, a justiça acatou a denúncia.
A defesa
A reportagem contatou a advogada de Silva, Indyanara Pini, que disse que a confissão ocorreu após orientação da defesa. De acordo com ela, o acusado está arrependido.
"Ele não aguentava mais a culpa e remorso e não conseguia seguir mentindo, pensando até mesmo, agora, nas consequências que está enfrentando, privado de liberdade, longe da família e dos filhos. Informalmente, aos policiais militares, ele já havia confessado o fato, razão pela qual não era mais lógico seguir buscando novas versões", afirmou Pini.
A advogada ressaltou que a confissão, entretanto, esclarece a motivação do homicídio, incluindo as testemunhas que confirmaram as mensagens entre Ferreira e a esposa de Silva. "Existe, contudo, a motivação, que foi esclarecida por ele e pelas testemunhas, incluindo um amigo de Willian Ferreira, que confirmou que 4 dias antes do fato, novamente, houve conversas entre Willian e a esposa de Jander, motivando assim o trágico desfecho de uma situação de traição que, infelizmente, aconteceu", explicou, pontuando que agora a defesa busca uma penalização "mais justa".
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