Acusado por formação de quadrilha entre outros crimes, um grupo composto por 42 políticos, empresários, funcionários públicos e profissionais liberais, foi preso hoje no Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo.
Em um jogo de cartas marcadas, os acusados ganhavam a maioria das licitações para serviços públicos das prefeituras municipais de Dourados, Ponta Porã e Naviraí, cidades situadas na região sul do MS, segundo informações da Polícia Federal em Dourados, onde atuava a maior parte dos envolvidos no esquema.
As investigações em torno do caso começaram há dois anos, quando o Ministério Público Federal denunciou os suspeitos baseado em levantamento sobre o sucesso empresarial de Sizuo Uemura e a esposa, Helena Uemura, principalmente no setor de serviços funerários. Alguns vereadores da região foram convidados para depor e depois dispensados.
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Um deles foi Marcelo Barros (DEM), que acusou o casal. Durante os 20 minutos que ficou na PF, Barros contou ter sido muito questionado sobre a possibilidade de Uemura ganhar a concessão do fornecimento de água potável em Dourados. O serviço foi municipalizado no mês passado de acordo com projeto aprovado pelos vereadores. "Já havia um esquema montado para dar a concessão para a família Uemura". A PF indiciou Uemura e Helena, os filhos Eduardo Uemura, Dinho Uemura e dois funcionários da Pax Empresa Funerária, identificados com o "Polaco" e "Angela". Entre os servidores públicos douradenses acusados estão o secretário de Saúde de Dourados, Sandro Bárbara, o vice-prefeito Carlos Cantor (PR), além dos assessores especiais do prefeito Ari Artuzi, de Dourados, Jorge Dauzacker e Márcia Fagundes.
O ex-secretário de Saúde no governo Zeca do PT, João Paulo Esteves, também foi preso. De Naviraí, cidade vizinha de Dourados, foi preso o presidente da Câmara Municipal José Gallo (PDT), e de Ponta Porã, o vice-prefeito Eduardo Campos (DEM). "Os servidores públicos cooptados pela organização criaram uma estrutura criminosa a fim de obter benefícios em diversos contratos, em prejuízo à livre concorrência", afirma nota distribuída pela PF.
O documento que trata o trabalho policial como "Operação Owari" ("ponto final", no idioma japonês) informa que depois de ouvidos, os 42 presos serão transportados para o sistema prisional do Estado, 38 deles cumprirão prisão temporária (cinco dias) e os quatro restantes, prisão preventiva. Eles estão indiciados por formação de quadrilha, exercício ilegal de atividade financeira, agiotagem, crimes contra a ordem econômica e o sistema financeiro, fraude à licitação e corrupção.