Os policiais civis do Paraná decidem hoje, em assembleia a partir das 18h30, se entram em greve por tempo indeterminado ou se concordam com as medidas anunciadas pelas secretarias estaduais de Segurança Pública (Sesp) e da Justiça (Seju) na segunda-feira. As propostas foram encaminhadas para o governador Beto Richa ontem e oficializadas por meio de decretos. Elas preveem uma série de mudanças, entre elas o fechamento de carceragens de nove distritos e de 11 delegacias especializadas da capital e a transferência de 1,2 mil presos das carceragens de Curitiba e região em até 60 dias.
Para o presidente do Sindicato das Classes Policiais Civis (Sinclapol), André Gutierrez, mesmo com o anúncio destas medidas, não dá para garantir que não haverá uma paralisação geral. Ele ressalta que houve avanços, entretanto a categoria espera que tudo o que está sendo divulgado seja realmente aplicado. Além disso, Gutierrez destacou que a situação no interior também está "caótica". "Temos muitos problemas e a questão está desesperadora no interior. E pelo que vimos estas medidas emergenciais por enquanto serão implantadas apenas na região da capital", afirmou.
Ele ainda avaliou como positivo o dia de paralisação da categoria realizado ontem em todo o Paraná. Conforme a entidade, cerca de 80% do efetivo aderiram à mobilização, atendendo apenas flagrantes e casos de homicídios.
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Ademílson Batista, presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Londrina e Região (Sindipol), reforçou que o problema da superlotação das cadeias do interior é grave e lembrou que recentemente ocorreram casos de agressão a agentes e tentativas de fuga nas cidades de Cambé, Arapongas e Santo Antônio da Platina. "Mais uma vez o interior foi deixado de lado. Há muito tempo negociamos para tentar melhorar a situação, até porque o efetivo é menor em relação à capital e região", disse.
O delegado-geral da Polícia, Riad Braga Farhat, reconheceu que o problema é antigo, mas destacou as medidas oficializadas ontem. "Em 60 dias teremos menos 1,2 mil presos sob nossa custódia e isso é muita coisa. Claro que não conseguiremos reduzir o problema rapidamente, mas os passos estão sendo dados", disse.
Farhat ainda destacou que as regiões de Londrina e Maringá devem ser as próximas a terem estas medidas aplicadas, mas admitiu que ainda não há prazo definido para colocá-las em prática.
Agentes penitenciários prometem fazer um protesto hoje contra a transferência em massa de detentos para o sistema penal.