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Além da perda do cargo

Tenente-coronel da PM pega 18 anos por traficar armas

Agência Estadual de Notícias
17 dez 2009 às 20:52

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A Justiça Federal condenou o tenente-coronel aposentado da PM Valdir Copetti Neves a 18 anos e 8 meses de prisão além de um ano de detenção, 437 dias-multas e ainda deve perder o cargo de coronel da PM pelo caso que ficou conhecido como "Março Branco". Para a Justiça, ficou claro que ele usou de sua posição na PM para formar uma quadrilha armada com PMs aposentados para fazer a guarda ilegal de terras na região de Ponta Grossa e assim praticar vários crimes como fornecer armas e drogas para incriminar outras pessoas.

O coronel já havia sido investigado e preso por uma força-tarefa da Secretaria da Segurança Pública do Paraná em 2005 acusado de fazer parte de uma das maiores quadrilhas de extermínio do país, formada por policiais militares, advogados e assaltantes.

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De acordo com a sentença, Neves foi condenado por tráfico internacional de arma de fogo, exercício arbitrário das próprias razões, constrangimento ilegal, formação de quadrilha ou bando e também pelo artigo 12 da lei nº 6.368/1976 (que é fornecer maconha para que fosse "plantada" em um veículo de terceiro). O processo tramitou na 1ª Vara Federal e Juizado Especial Criminal de Ponta Grossa.

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A sentença é decorrente da denúncia do Ministério Público Federal em Ponta Grossa feita em maio de 2005 contra dezenove pessoas que estariam envolvidas no patrulhamento ilegal de propriedades rurais. De acordo com o MPF, em outubro de 2004 fazendeiros da região dos Campos Gerais contrataram policiais militares para fazer a segurança de suas propriedades. O então tenente-coronel Valdir Coppetti Neves seria o comandante de um grupo de ex-policiais (Ricardo Jose Derbis, Nereu Pascoal Moreira e José Waldomiro Maciel) que utilizava armas sem registro, entre elas algumas importadas irregularmente.

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Em dezembro de 2004, quando integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) invadiram um sítio próximo às propriedades "patrulhadas" por Neves ele começou a "investigar" os sem-terra. O então tenente-coronel chegou a entrar em confronto com os invasores numa tentativa frustrada de desocupar a terra à força. Ainda segundo a denúncia, como não conseguiu expulsar os sem-terra, Neves teria pagado Izabel Rocha Araújo para que fizesse uma falsa denúncia contra lideranças do movimento.


Além disso, ele também teria planejado – embora não chegasse a executar – a simulação de um acidente de carro com um dos líderes do acampamento para que se "plantasse" maconha no veículo.

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Mas em abril de 2005 uma força-tarefa entre a Polícia Federal e a Secretaria da Segurança Pública frustrou os planos de Neves o prendendo junto com outras sete pessoas na operação conhecida como Março Branco sob a acusação de formarem uma organização criminosa armada que dava segurança ilegal a fazendeiros e intimidava grupos do MST sem respaldo da Justiça. No material apreendido pela polícia, foram encontrados recibos de "cotas mensais" pagas por fazendeiros ao grupo de Neves.


Na condenação de Neves, sua pena foi agravada já que como policial militar tinha o dever de combater o crime ao invés de praticá-lo. Como o artigo 92 do Código Penal diz que condenação de privação de liberdade superior a 4 anos impõe a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo, Neves perde o cargo público de tenente-coronel da Polícia Militar. Além disso, Neves também foi condenado a pagar 437 dias-multa com o valor do dia-multa sendo de 1/ 10 do salário mínimo

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"Ao praticar essa série de atos criminosos, o réu frustrou as expectativas da sociedade, que esperava vê-lo como garantidor da correta aplicação da lei e jamais o contrário, ou seja, como criminoso contumaz e séria. Assim, faz-se absolutamente imperiosa a perda do cargo publico de tenente-coronel da Polícia Militar", afirma o documento da Justiça Federal que publica a sentença de Neves.


OUTROS CASOS

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Também em 2005, uma força-tarefa formada pela Secretaria da Segurança Pública do Paraná e a Polícia Federal desmantelou uma das maiores quadrilhas de extermínio do país, formada por policiais militares, advogados e assaltantes. Novamente o tenente-coronel Copetti Neves é apontado como integrante do grupo. Segundo as investigações, indicaram a ligação de Neves com uma empresa clandestina de segurança. Policiais militares ligados ao grupo de Neves e a assaltantes planejavam e executavam roubos a comerciantes da região sul de Curitiba e depois ofereciam o serviço clandestino de segurança.


O tenente-coronel também teve o nome envolvido em conflitos de terra. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) contestou o direito de Neves à reintegração de posse para a Fazenda São Francisco Primeiro, em Ponta Grossa. Neves teria comprado uma posse das terras do então posseiro Adail da Luz e ingressou com um pedido de usucapião na Justiça Estadual em 1999. Posteriormente, Copetti avançou em outras áreas da Embrapa. Por se tratar de uma área de autarquia federal, acão foi remetida para a Justiça Federal.


Uma perícia judicial realizada na área a pedido da Justiça Federal comprovou que a propriedade era da empresa. E esta não foi a primeira vez que Copetti tentou, na Justiça, reintegração de posse de terras que ocupava. Em 2004, ele entrou com pedido de reintegração na Justiça Estadual para desocupar um sítio invadido por integrantes do MST. Uma liminar na época foi concedida, mas pouco tempo depois foi revogada pela Justiça já que não havia sido realizado uma audiência em que se pudesse averiguar a realidade da posse do autor.

Copetti Neves ainda responde a outras duas ações movidas pelo secretário da Segurança Pública Luiz Fernando Delazari por difamação e indenização por danos morais, sendo nesta última já condenado em primeira instância.


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