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2ª Fase

Abi chama secretários de Beto como testemunhas na Publicano

Loriane Comeli - Grupo Folha
29 ago 2015 às 08:27

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- Divulgação
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Os réus da segunda fase da Operação Publicano, cujo processo tramita na 3ª Vara Criminal de Londrina, arrolaram figuras conhecidas no cenário político paranaense como testemunhas de defesa. A lista com os nomes mais conhecidos é a de Luiz Abi Antoun, parente distante do governador Beto Richa (PSDB), que até ser denunciado, em março, por suposto envolvimento em fraude em licitação, tinha livre acesso ao Palácio Iguaçu; era tido como assessor do governador, embora não exercesse cargo comissionado.

Coincidentemente, Abi arrolou como testemunhas pessoas próximas de Beto, como o secretário estadual de Desenvolvimento Urbano, Ratinho Júnior (PSC), que é deputado estadual licenciado; o presidente da autarquia estadual Fomento Paraná, Juraci Barbosa Sobrinho; e o coordenador da Região Metropolitana de Londrina (RML), Vitor Hugo Dantas, além do deputado estadual Tiago Amaral (PSB), da base de sustentação do tucano. Também está na lista o prefeito de Assaí (RML), Luiz Alberto Vicente, o Luiz Mestiço (PSDB).

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Na petição, não há informações sobre os motivos pelos quais essas pessoas foram arroladas: se têm conhecimento dos fatos, ou seja, da suposta organização criminosa que funcionava na Receita Estadual de Londrina, da qual Abi seria um dos líderes políticos, conforme a acusação do Ministério Público (MP); ou se se seriam as chamadas "testemunhas abonatórias", cuja finalidade é falar sobre a vida pregressa do réu, acentuando qualidades de caráter. O escritório do advogado Roberto Brzezinski Neto, em Curitiba, que defende o empresário, não deu retornou à solicitação de entrevista.

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O deputado Tiago Amaral disse ter ficado surpreso com a convocação. "Eu fiquei sabendo pela reportagem da FOLHA. Realmente fiquei surpreso porque não sei como poderia contribuir (com a defesa de Abi)", afirmou. Ao ser questionado sobre a natureza das relações que mantém com Abi, Tiago afirmou que conhece o empresário "como qualquer londrinense, nunca tive nenhuma relação".

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O deputado também foi arrolado como testemunha de acusação pelo Ministério Público. Possivelmente, neste caso, porque foi citado por um empresário de Londrina (cliente de Tiago, que era advogado tributarista à época, entre 2011 e 2012) que pagou propina a auditores da Receita. Em depoimento ao MP, o dono de uma revendedora de máquinas agrícolas afirmou que Tiago, a seu pedido, entregou R$ 33 mil a um auditor fiscal da Receita de Londrina e, com isso, foram liberados créditos tributários para sua empresa. O parlamentar nega. "Apesar dos comentários que acabaram saindo, não tenho nenhum tipo de investigação em relação a mim. Não sei como poderei contribuir."


O prefeito de Assaí afirmou que desconhecia ter sido arrolado para o caso Publicano. Disse que como prefeito e filiado ao PSDB trabalhou na campanha de Beto Richa, mas que não teve contado direto com Abi, a quem conhece "há mais de 10 anos". "Eu o conheci ainda quando o Beto era deputado estadual." No segundo processo da Publicano, Abi é acusado de ter exigido recebido propina cobrada por auditores de dois empresários da região. Os valores teriam sido repassados à campanha de Beto, segundo o auditor Luiz Antonio de Souza, delator do esquema.


Ao atender a FOLHA, Mestiço disse que "achava que seria arrolado como testemunha do caso da licitação do Deto porque trabalhei no Deto até seis meses antes das eleições de 2012", afirmou o tucano. De fato, Mestiço também foi convocado para o processo da Voldemort no qual Abi, junto com outros réus, é acusado de fraude na contratação emergencial de Providence para prestar serviços à frota oficial do Estado. A dispensa de licitação foi feito no Deto, Departamento de Transporte Oficial, órgão da Secretaria Estadual de Administração e Previdência. Neste caso, além de Mestiço, Abi convocou praticamente toda a cúpula da Polícia Militar de Londrina, incluindo três tenentes-coronéis e um capitão.

Ao secretário Ratinho Júnior, a reportagem deixou recado a sua assessoria, que disse não ter conseguido localizá-lo; quanto o presidente da Fomento Paraná, a assessoria sequer deu retorno. O coordenador da RML não foi localizado nem no órgão e tampouco em seu celular.


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