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Advogado compara CEI dos grampos a Riocentro

Redação - Folha do Paraná
08 jul 2001 às 16:19

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O advogado Peter Amaro de Souza disse ontem que as conclusões da Comissão Especial de Investigação (CEI) dos grampos em repartições públicas do Paraná são parecidas com a do caso Riocentro. "Os resultados se parecem com o do coronel Job. Ele acreditou que terroristas colocaram uma bomba no colo de dois militares", ironizou.

O relatório militar do caso Riocentro foi considerado uma farsa. Suspeita-se que a explosão, ocorrida em 1981, durante um show pela redemocratização do País, no Rio de Janeiro, fez parte de um atentado frustrado de setores do Exército contrários à abertura. A explosão matou um dos militares que ocupavam o carro onde estava a bomba e feriu gravemente o outro.

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O conteúdo do relatório da CEI dos grampos, presidida pelo secretário de Segurança Pública, José Tavares, foi divulgado na sexta-feira, isentando os principais implicados por Souza e seus clientes de envolvimento com escuta telefônica ilegal: o secretário especial da chefia de gabinete do governador Jaime Lerner (PFL), Gerson Guelmann; e o chefe da Casa Militar, coronel Luis Antônio Borges Vieira.

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O relatório ainda acusa a Telepar Brasil Telecom de manter um sistema vulnerável a grampos e responsabiliza os clientes de Souza de envolvimento com espionagem industrial. A empresa não se pronunciou.

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"Para mim não foi surpresa. O soldado foi responsabilizado porque é preto e o cabo porque é pobre. Estou revoltado com essa palhaçada. Desde o primeiro dia de funcionamento da comissão, eu falei que o relatório já estava pronto", afirmou Souza. Ele defende o soldado Afrânio de Sá e o cabo Luiz Antônio Jordão, acusados de envolvimento num caso de grampo na empresa Ocidental Distribuidora de Petróleo, em Araucária (Região Metropolitana de Curitiba).


Quando a polícia descobriu a escuta na empresa, o instalador João Batista Cordeiro, preso em flagrante, disse que trabalhava para Jordão, Sá e o técnico em telefonia Gilberto Maria Gonçalves, lotados na Casa Militar. Chamados a se explicar, Afrânio e Sá acusaram Guelmann e Vieira de comandarem um esquema de espionagem contra os próprios secretários do governador e adversários políticos.

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Souza também colocou o promotor Vani Bueno sob suspeição. Bueno foi o relator da CEI. "Ele é amigo íntimo do Vieira. Quando foi policial militar, era subordinado do coronel no Batalhão de Polícia de Trânsito. O promotor deveria se declarar suspeito e não participar da comissão", afirmou. Souza disse que vai processar Bueno se seu nome for envolvido no processo. "Dizem que fui o autor intelectual disso. Vou esperar o relatório para tomar minhas medidas."


O advogado declarou que sofreu mais uma ameaça. Relatou que, na semana passada, recebeu o telefonema de um homem que o mandava desistir do caso. "Se eu continuasse, ele falou que eu iria morrer."

Souza acusou a Secretaria de Segurança de não estar interessada em avançar na apuração de um atentado contra seu escritório, em maio, quando 14 tiros foram disparados na área externa do prédio. "Todas as solicitações foram feitas da nossa parte, mas nada está sendo apurado. Estão esperando que eu morra para dizer que me suicidei com um tiro na nuca."


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