O palanque do senador Álvaro Dias (PDT) candidato ao governo do Paraná não tem mais espaço para o candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes (PPS). Integrantes da coligação estão acusando o senador de recolher o material de campanha que pedia votos para Ciro e para ele próprio, Alvaro Dias, no momento em que o candidato à Presidência começou a cair nas pesquisas. Apesar disso, a Frente Trabalhista está tentando criar um clima de otimismo com a participação de Ciro em cinco programas de TV nos próximos dez dias.
A assessoria da Frente admite que parte das 180 toneladas de material impresso conjunto produzido por Álvaro Dias foi recolhida pela equipe do senador. O parlamentar nega que tenha tirado de circulação os santinhos com o nome do candidato a presidente, mas reconhece que é cada vez mais raro ver a imagem dos dois juntos na publicidade de campanha.
- Paguei sozinho a impressão do material e garanto que não o recolhi. Mas optei por mandar fazer, dessa vez, panfletos sozinho ou com meu irmão (o senador Osmar Dias). Além disso, não adianta encher um outdoor de gente porque não ele acaba não fazendo efeito - disse Álvaro Dias.
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Ciro foi informado da atitude do senador por seu irmão Lúcio Gomes, um dos coordenadores da Frente Trabalhista. Mas preferiu não telefonar para Álvaro Dias. Vai esperar por uma reação nas pesquisas para, só então, cobrar fidelidade ao senador.
Na equipe de Alvaro Dias, a ausência de Ciro é justificada por uma suposta inabilidade do candidato do PPS. No fim de julho, Ciro esteve no Paraná para um dia de atividade públicas, mas abandonou o senador sozinho em uma passeata pelas ruas de Curitiba. Argumentou que o evento estava desorganizado. A notícia foi publicada nos jornais, o que irritou o candidato ao governo.
- Ele me criou um constrangimento, tive de continuar sozinho - reconhece Álvaro Dias.
A coligação que apóia Ciro admite que o candidato cometeu deslizes durante a campanha. Uma das principais causas de queda de Ciro nas pesquisas teria sido a demora na resposta aos ataques vindos do PSDB de José Serra.
- Houve um momento em que deveríamos ter respondido aos ataques com mais presteza, mas perdemos tempo e oportunidade - afirmou o presidente nacional do PPS, senador Roberto Freire (PE).
O ex-senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) é um dos que dizem que os ataques tiraram muitos votos de Ciro na Bahia. Apesar disso, garante que não deixará de pedir votos para o candidato da Frente Trabalhista.
- Ciro poderia estar melhor aqui na Bahia. Mas não examino os acertos e erros de Ciro. Tomei a decisão de apoiá-lo e não vou voltar atrás - disse Antonio Carlos.
Nesta segunda-feira Ciro participou de uma caminhada no Centro de São Paulo. Mas nem a presença de sua mulher, a atriz Patrícia Pillar, conseguiu empolgar os eleitores. O grupo, no qual estavam também a mãe e a filha do candidato, passava e muitas vezes ouviu: ''Lula, Lula'', ou ''Patrícia, linda, eu te amo, mas voto é no Lula''.
O candidato, parecendo abatido, não participou de toda a caminhada, de cerca de 500 metros. Em certo momento, subiu num carro de som e fez um curto discurso. Houve ainda um princípio de tumulto quando seus seguranças trocaram empurrões e socos com um fotógrafo do jornal Estado de S. Paulo.