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Assembléia: novo presidente foi acusado de desviar verbas

Valmir Denardin - Folha do Paraná
05 dez 2000 às 11:30

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O virtual presidente da Assembléia, Hermas Eurides Brandão, 58 anos, foi alvo de denúncias de desvio de recursos públicas quando exerceu o cargo de secretário de Agricultura, entre janeiro de 1995 e janeiro de 1998, no primeiro mandato do governador Jaime Lerner (PFL). As denúncias o forçaram a deixar o cargo e sepultaram seu projeto de ser o candidato a vice-governador na eleição de Lerner para o segundo mandato, em 98.

Junto com o deputado estadual Milton Pupio (PTB) e o ex-prefeito de Faxinal (76 quilômetros ao sul de Apucarana) Dirceu Dutra Guerra (PDT), Hermas foi acusado de desviar R$ 40 mil dos R$ 60 mil destinados a reformas no parque de exposições desse município. O dinheiro fora liberado por um programa do governo federal de apoio à pequena propriedade.

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As investigações foram feitas pela Câmara Municipal, por meio de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI), e pelo Ministério Público de Faxinal. Secretário, deputado e ex-prefeito tiveram o sigilo bancário quebrado. Segundo as investigações, foram utilizados "laranjas" para o depósito de R$ 15 mil em uma conta de Hermas, igual valor em conta de uma empresa da família de Pupio e R$ 10 mil na conta de Guerra.

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Todos negaram as acusações. O então secretário disse na época que o dinheiro depositado em sua conta por um funcionário de Pupo se referia à venda de 62 vacas, em setembro de 96. Hermas é pecuarista. "Eu estava bem politicamente e isso desagrava muita gente", disse ontem o deputado, para reafirmar inocência.

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Abandonado pelo governador em sua defesa, Hermas deixou a secretaria em 5 de janeiro de 98, um mês depois de as denúncias terem sido tornadas públicas pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR). O então presidente da Assembléia, Aníbal Khury (PFL), conseguiu criar uma comissão especial, composta por cinco deputados governistas, para acompanhar o caso, já que Hermas era deputado licenciado. O objetivo -alcançado- foi abortar a proposta de uma CPI ensaiada pela oposição.


Após um ano de investigação, em 8 de novembro do ano passado o Ministério Público arquivou a denúncia contra Hermas. O ex-prefeito e o outro deputado sofreram ação civil pública em Faxinal. Ontem, a Folha não conseguiu apurar o andamento desse processo.

Hermas possui fazendas e é dono do cartório de Registro de Imóveis de Andirá, município do Norte Pioneiro, sua base eleitoral. Antes do PTB, passou por quatro partidos (Arena, PP, PMDB e PSDB). Na política há 25 anos, foi prefeito de Andirá (76 a 82) e exerce o quinto mandato de deputado estadual.


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