Barbosa Neto completa neste domingo (1°) dois anos à frente da prefeitura de Londrina. A vaga foi conquistada no chamado 'terceiro turno' contra Luiz Carlos Hauly (PSDB), após a cassação da candidatura do ex-prefeito Antonio Belinati (PP).
Neste período, a gestão ficou marcada por medidas consideradas impopulares como a derrubada de quiosques do calçadão, a implantação da lei "Cidade Limpa", além das frequentes substituições de secretários e de problemas na área da saúde. Em uma enquete feita com internautas do portal Bonde, 40% avaliaram os dois primeiros anos de governo como "ruim", enquanto 35% consideraram "bom" e outros 25% "regular". Barbosa admite que medidas impopulares podem ter prejudicado a avaliação, mas espera que obras previstas até o final do mandato colaborem para a melhoria da imagem de atual administração.
"Esta amostragem não deixa de ser favorável. Nós estamos em um ano de realização. Muita coisa ainda não apareceu, e com certeza vamos chegar ao final do mandato com uma melhor avaliação. Eu espero ser julgado pelo conjunto da obra".
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Barbosa se define como um prefeito 'legalista', perfil que segundo ele era necessário após o período de 'crise moral' vivido pela cidade. "Algumas pessoas contrariam, mas eu teria feito tudo de novo. O prefeito não está aqui para dizer amém para todo mundo. Estamos cumprindo aquilo que é legal, para que a prefeitura não seja condenada a ter seus bens bloqueados, repasse de recursos retidos por conta de atitudes irresponsáveis", defendeu.
Nos últimos 12 meses, a área da saúde pode ser considerada a principal 'pedra no sapato' da administração municipal. Os problemas começaram em maio de 2010, com o escândalo envolvendo o Centro Integrado de Apoio Profissional (Ciap), acusado de desviar mais de R$ 300 milhões em recursos públicos. A prefeitura de Londrina mantinha contratos de cerca de R$ 47 milhões com a entidade, que prestava serviços como o Programa Saúde da Família, Samu, Policlínicas e agentes de endemias para controle da dengue. Para o prefeito, a administração fez sua parte ao romper contratos, intensificar a fiscalização sobre o trabalho dos funcionários contratados e aumentar investimentos na área. "Nós ousamos enfrentar, mostrar que tinha médico contratado que recebia sem trabalhar, ficava em casa e recebia do mesmo jeito. Isto deixou contrariada muita gente que estava sendo beneficiada", afirmou Barbosa, lembrando que o problema teria sido 'politizado' em manifestações direcionadas à atual administração.
Barbosa ainda admitiu dificuldades no gerenciamento financeiro da saúde em Londrina, já que a cidade atende uma demanda regional de pacientes mas não recebe recursos na mesma intensidade. "O Estado deveria ser corresponsável por tudo isso, principalmente com seus hospitais, que estão abaixo da capacidade, sem equipamentos e funcionários. Se pelo menos fizesse isso, nós já melhoraríamos muito, porque poderíamos cuidar da atenção básica à saúde e o Estado cuidar dos causos terciários. Mas não adianta o prefeito pedir, precisa ter uma atenção por parte deles. Nós já elevamos o teto com o governo federal, e mesmo assim esse dinheiro não dá", lamentou.
A área da saúde também foi uma das que mais sofreu com a mudança de secretários durante a atual gestão. O médico Agajan der Bedrossian deixou o cargo em abril de 2010, retornou quase quatro meses depois e permaneceu na pasta por mais cinco meses. Barbosa diz que a troca constantes no primeiro escalão fazem parte de um controle maior na administração pública, semelhante ao que ocorre nas empresas. "Não havia sistema de avaliação dos secretários, acompanhamento de desempenho. Não entendo porque tanto espanto. O espanto seria lá atrás: por que deixar o secretário que não faz?", questiona o prefeito, que admitiu ter cortado relações com alguns exonerados. "Lamento que isto tenha acontecido. Mas estamos aqui para tomar decisões. Perdi popularidade, perdi amigos, mas estou em uma missão. E eu tenho a consciência tranquila de que não privilegiei ninguém mas fiz o melhor para a cidade".
Faltando pouco mais de 17 meses para uma nova eleição municipal, Barbosa Neto afirma que ainda não definiu se será candidato à reeleição, dizendo que está focado em terminar o mandato. "Eu não me preocupo com a minha reputação política. Se me preocupasse não teria tomado essas decisões em ano pré-eleitoral. Vejo os adversários atacando a administração, mas quem sabe eles daqui a pouco não tenham que vir pedir apoio pra mim? Só que aqueles que agridem tanto não terão meu apoio caso eu não seja candidato".
O mandato, no entanto, pode terminar antes de 31 de dezembro de 2011. O ex-prefeito Antonio Belinati (PP) tenta junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) reverter a cassação de sua candidatura, apoiado por decisões recentes que arquivaram ação contra ele. O atual prefeito afirma que cumprirá uma eventual decisão judicial, mas critica a insegurança gerada pelo caso. "Fui eleito no terceiro turno por conta de um impedimento que o ex-prefeito Antonio Belinati teve. A lei valia para aquele momento. Agora, sempre há uma insegurança. A cada três, quatro meses, parece que é meio orquestrado. Sempre vem uma decisão ou anúncio de que uma decisão estaria por acontecer. Mas eu tenho que respeitar a decisão da Justiça".