Curitiba – O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) confirmou na última sexta-feira que disputará a Presidência da República em 2018, como forma de "preservar a liberdade" e "combater o comunismo". Ele esteve em Curitiba para participar do Seminário Estadual das Guardas Municipais, na Assembleia Legislativa (AL) do Paraná, que discutiu temas como o Estatuto do Desarmamento e o porte de armas. No aeroporto, em um restaurante onde jantou quinta-feira e na própria AL, foi recepcionado por uma legião de fãs, aos gritos de "mito", "mito". Alguns deles chegaram a agredir verbalmente estudantes e membros de coletivos feministas, contrários à visita.
"Fico muito feliz com essa recepção. Hoje as pesquisas me dão 8% (de intenção de votos). Eu, que nunca fui candidato a nada no Executivo, estou abaixo exatamente dessas pessoas. A minha proposta é completamente diferente da deles. É para a direita", resumiu. "O fardo será muito pesado a partir de 2019, dado ao estado de deterioração que chegou o nosso Estado, não só na economia, bem como na questão ética e moral. Por outro lado, fico preocupado, porque (esse apoio) está demonstrando cada vez mais que o Brasil está precisando de uma liderança que realmente pense no seu país", completou.
Bolsonaro é conhecido por suas posições contrárias a movimentos de direitos humanos, especialmente de mulheres, negros e LGBTs (sigla que se refere a lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais). Em 2013, por exemplo, no programa CQC, da TV Bandeirantes, afirmou que não teria filhos gays por ter dado "boa educação" a eles. Depois, respondeu à Preta Gil que não discutiria "promiscuidade" com ela, após a cantora o ter questionado sobre sua reação caso um de seus filhos namorasse uma mulher negra. Já em dezembro de 2014, falou que não estupraria a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) porque ela "não merecia"
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Contudo, o parlamentar se mostrou surpreso quando questionado pela FOLHA sobre o assunto. "Eu sou inimigo de negro? Sou inimigo das mulheres? Um jornalzinho lá do fim do mundo bota uma notinha dizendo que eu sou favorável que mulher ganhe menos do que homem. Isso vira uma bomba nacional? Você acha que eu seria hipócrita de falar isso aí, de defender uma tese como essa? Não. A mulher pra mim é igual ao homem na questão trabalhista", respondeu, referindo-se a uma entrevista publicada em 2014 pelo jornal "Zero Hora", de Porto Alegre. "Agora, a esquerda que me ataca por que em 13 anos do PT não botou um ponto final nessa questão via um projeto, seja lá o que for?", perguntou.
Sobre o movimento LGBT, o deputado federal disse ter uma única briga, relativa às cartilhas produzidas pelo Ministério da Educação (MEC) para combater a homofobia e a discriminação de gênero no ambiente escolar. "Eu tenho certeza que você não admitiria que criancinha a partir de seis anos de idade aprendesse a ser gay na escola ou fosse estimulada para isso, iniciando precocemente a vida sexual. Aí eu tenho que meter as quatro patas no peito de quem pensa dessa maneira. E não pode ser diferente. Negociar a inocência das nossas crianças em nome do politicamente correto? Não." Ele acrescentou ainda que manterá sua posição "do começo ao fim", porque não está "atrás de voto".
AGRESSÕES
Um grupo de aproximadamente 20 estudantes e membros de movimentos feministas, que protestava contra a presença de Jair Bolsonaro na AL, chegou a ser insultado por apoiadores do deputado. Ao levantar cartazes com os dizeres "Eu não mereço ser estuprada", referência ao episódio envolvendo Maria do Rosário, as mulheres receberam vaias e xingamentos, inclusive de baixo calão.
"Primeiro não queriam deixar a gente entrar. Aí, falamos que temos o direito de estar aqui nos manifestando, até pelo posicionamento do Bolsonaro, que é homofóbico e machista. Depois um senhor me chamou de puta e vagabunda. Isso é que gera a violência. Nós merecemos respeito", relatou a coordenadora da União Brasileira de Mulheres (UBM) no Paraná, Célia Regina.