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Dinheiro de propina

Campanha de Beto Richa é investigada no STJ

Agência Estado
29 mar 2016 às 09:06

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- Divulgação
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A campanha eleitoral de 2014 do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), alvo de investigação no Superior Tribunal de Justiça (STJ), é suspeita de ter comprado placas de madeira compensada - MDF - com propina da Receita estadual. A informação está na delação premiada do auditor fiscal Luiz Antônio de Sousa, firmada com o Ministério Público do Paraná.

Em 11 de março, o ministro do STJ João Otávio Noronha autorizou a abertura de um inquérito contra o tucano, no âmbito da Operação Publicano, que apura fraudes na Receita paranaense. Segundo as investigações, os integrantes do esquema cobravam propina para anular débitos milionários de empresas com o fisco paranaense. A vice-procuradora-geral da República, Ella Wiecko, requereu ao STJ que instaurasse inquérito contra o governador do Paraná por lavagem de dinheiro, falsidade ideológica para fins eleitorais e corrupção passiva.

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Em seu acordo de colaboração, Luiz Antônio de Sousa revelou um suposto 'sistema de divisão de propina estabelecido na Receita Estadual paranaense'. O auditor 'revelou que houve direcionamento de parte dos valores ilícitos captados por auditores fiscais para a campanha eleitoral de 2014 do então candidato à reeleição ao governo do Estado do Paraná, Carlos Alberto Richa, por intermédio de colaboradores ligados ao seu comitê de campanha, em especial Luiz Abi Antoun, pessoa com a qual teria relação de parentesco', segundo o pedido de abertura de inquérito da Procuradoria-Geral da República.

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Luiz Antônio de Sousa citou o coordenador da Região Metropolitana de Londrina, da Secretaria do Desenvolvimento Urbano, do Paraná, Victor Hugo Boselli Dantas e o ex-inspetor geral da Receita Estadual do Paraná Márcio de Albuquerque Lima.

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Segundo o delator, Victor Hugo Boselli Dantas ligou para ele e pediu que comprasse 300 chapas de MDF - madeira compensada - de 19mm para entregar no comitê de Beto Richa, 'localizado em frente ao Terminal Urbano de Londrina, próximo à Leste-Oeste com a Rua Bahia (onde antigamente eram instalados armazéns de café)'.


"O declarante comprou 200 chapas de MDF na empresa Compefort, tendo pago aproximadamente R$ 10 mil, não se recordando se tirou as notas em seu próprio nome (Luiz Antônio) ou em nome da sua empresa Masterinvest; que adquiriu também 100 chapas de MDF na empresa Complond, pagando cerca de R$ 5 mil", relatou o delator.

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"Marcio Albuquerque disse que depois acertaria com o depoente os cerca de R$ 15 mil tirados de seu bolso; Que a partir de agosto de 2014, o depoente repassava a propina arrecadada em Londrina para Marcio, em Curitiba, e ficou acordado que esses R$ 15 mil gastos pelo declarante com compras de chapas de MDF seriam compensados (retidos) nos repasses de propina que seriam efetuados para Curitiba; que o declarante acredita que Victor Hugo Boselli Dantas sabia de que forma o material (MDF) foi pago, ou seja, efetivamente com dinheiro de propina, pois, apesar de Victor Hugo ter feito o pedido de compra ao declarante, não pediu qualquer nota posteriormente."


Ao pedido de instauração de inquérito, subscrito pela vice-procuradora Ella Wiecko, foi anexada a Nota Fiscal Eletrônica número 52969, emitida em 29 de julho de 2014, em nome de Luiz Antônio de Souza. De acordo com a Procuradoria-Geral da República, o papel 'revela que parte dos compensados de madeira adquiridos, supostamente a pedido de Márcio de Albuquerque Lima e de Vítor Hugo Boselli Dantas, teria sido entregue na Avenida Arcebisco Dom Geraldo Fernandes, Londrina/PR'.

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"A conta do Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB, Diretório Municipal de Londrina/PR, na rede social Facebook, divulgou, em setembro de 2014, convite no qual cita como endereço do "Comitê Beto Richa Londrina" o mesmo indicado na Nota Fiscal Eletrônica n. 52969, para entrega dos compensados de madeira adquiridos por Luiz Antônio de Souza, ou seja, Avenida Arcebisco Dom Geraldo Fernandes, 1320, Centro, Londrina-PR", informa o documento da Procuradoria Geral da República.



Defesa

Em nota, o governador tucano diz que não tem "nada a temer". Ainda segundo a nota, Richa afirma que "todas as doações recebidas pela minha campanha foram legais e declaradas à Justiça. Não houve qualquer contribuição de origem ilícita ou, principalmente, oriunda de desvios de conduta de fiscais da Receita Estadual. Sou o maior interessado no esclarecimento completo dos fatos. Confio na Justiça".


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