Um deputado e uma senadora do PT colhem assinaturas no Congresso Nacional para instaurar Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) para investigar a lavagem de dinheiro na agência de Nova York do Banestado. Investigação da Polícia Federal aponta que U$ 30 bilhões teriam passado pela agência entre 1996 e 99.
A recém empossada senadora Ideli Salvatti (SC) diz ter 19 assinaturas em seu requerimento - para aprovar uma CPI no Senado, é preciso o apoio de 27 senadores. Treze assinaturas são de parlamentares do PT, colhidas em reunião da bancada nesta segunda-feira. Falta apenas a de Aloísio Mercadante, líder do governo Lula na casa.
"O Mercadante disse que prefere consultar o Palácio do Planalto antes de assinar o requerimento", afirma Ideli. A senadora tem também o apoio de dois parlamentares do PL, dois do PSB e outros dois PDT, todos partidos da base do governo.
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Ela espera ainda a adesão da bancada do PPS, que tem três senadores. "Conversei com a senadora Patrícia Gomes (CE), que irá encaminhar a questão à bancada", diz. Ideli quer buscar as assinaturas de oito senadores, que segundo ela são "potenciais" adesões à CPI - quatro do PTB, dois do PDT (inclusive o paranaense Osmar Dias), mais um do PSB e um do PL. E ainda quer o apoio do PMDB.
"Quando lamentamos um contingenciamento de R$ 14 bilhões (cortados do orçamento pelo governo Lula para atingir a meta de superávit primário de 4,5% do PIB), não podemos deixar de investigar a lavagem de R$ 105 bilhões no exterior", diz a senadora.
Na Câmara, o requerimento que pede a instalação de CPI para investigar a lavagem de dinheiro no Banestado de Nova York é do deputado Eduardo Valverde (RO). Ele diz ter "cerca de 40 assinaturas" no requerimento - são necessárias 180 assinaturas para que CPI seja instaurada.
"Apresentei nesta segunda-feira o requerimento às lideranças do partido e do governo. Espero para esta terça-feira uma posição oficial sobre a CPI. Mas, enquanto não tenho a resposta, vou colhendo as assinaturas", afirma Valverde.
O deputado admite a hipótese de uma CPI mista (que reúne deputados e senadores) para investigar a lavagem de dinheiro no Banestado. "Vou conversar com a senadora Ideli Salvatti". Ela, entretanto, acha mais fácil aprovar uma CPI no Senado que buscar uma CPI mista. "E a bancada do partido considera que, por tratar-se de uma questão internacional, é o Senado quem deve investigar", diz.
Governabilidade - As propostas de CPI podem esbarrar no Palácio do Planalto, que não tem interesse em criar obstáculos à tramitação das reformas tributária e da previdência no Congresso. As comissões, em tese, concentrariam a atenção dos parlamentares e poderiam atrasar a votação das reformas.
Cauteloso, Valverde se diz "preocupado" com a hipótese. "Não sou um obstáculo, mas um aliado do governo. É por isso que estou consultando as lideranças sobre a conveniência da CPI. Pode ser que seja melhor investigar o caso mais para a frente. Mas é preciso puxar o fio da meada", afirma.
Já Ideli - que como o deputado pertence à ala moderada do PT, majoritária no partido - quer discutir o assunto com a bancada. "Teremos que ouvir argumentos e ponderações", fala, referindo-se ao senador Aloísio Mercadante, que levaria a questão ao Planalto. "Mas tenho o palpite de que o governo irá apoiar."