O candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes (PPS), deixou claro neste domingo que não será fácil para o PT conseguir seu apoio a Luiz Inácio Lula da Silva, caso fique fora da disputa no segundo turno. Ele disse ao Jornal do Brasil que o PT não está preparado para governar o país e reclamou da falta de solidariedade dos petistas nos momentos em que foi atacado pelo candidato do governo, José Serra (PSDB), que qualifica como ''um fascista''.
- Estou seguro de que o PT não tem condições de governar o país. O Lula tem essa mania de errar e, depois, pedir desculpas. Foi assim no impeachment do Collor, quando o PT resolveu na véspera que não apoiaria o governo de Itamar Franco e continuou na oposição. Na época, preferimos dividir a responsabilidade de tirar o país da crise - afirmou Ciro, justificando sua adesão do PSDB, partido ao qual pertencia na época.
O candidato da Frente Trabalhista foi ainda mais fundo na crítica, e atribuiu a Lula a responsabilidade pela vitória de Fernando Collor nas eleições presidenciais de 1989.
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- Foi Lula quem produziu Collor, quando no segundo turno recusou os apoios de Ulysses Guimarães e Tasso Jereissati - disparou.
Demonstrando estar muito magoado com a direção do PT, que para ele torce secretamente pelo esvaziamento de sua candidatura, Ciro lembrou que foi o primeiro a prestar solidariedade ao presidente nacional do partido, José Dirceu, quando foi denunciado por um suposto recebimento de propina, em nome do PT, no caso de acusação de corrupção que envolve a prefeitura petista de Santo André, no ABC paulista.
- Defendi o Zé Dirceu antes mesmo que o Lula. Mas quando o ataque foi contra mim, o próprio Zé Dirceu engrossou o coro. Foi uma decepção grave - reclamou.
Ciro conversou com o JB por telefone, enquanto comia um sanduíche depois de um corpo-a-corpo no maior mercado municipal de São Paulo, o da Cantareira. Ele garantiu que - apesar das dificuldades financeiras, do pequeno tempo de que dispõe no horário de propaganda eleitoral gratuita e do parco espaço que considera estar tendo na mídia para detalhar suas propostas - ainda está no jogo da sucessão.
Disse que precisa recuperar apenas cerca de um milhão e meio de votos, num universo de mais de 115 milhões, para passar José Serra e chegar ao segundo turno.
Ciro reclamou do que considera parcialidade do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e da imprensa, que, segundo ele, estaria poupando Serra de perguntas constrangedoras. E garantiu ter cópias de contratos de Serra com a empresa de contra-espionagem Fence, o que provaria sua responsabilidade em escutas telefônicas contra adversários.
- Serra é um fascista. Mas eu já sabia disso há muito tempo. A única coisa que me surpreendeu na campanha foi a falta de equilíbrio do TSE - afirmou.
Apesar de considerar que a propaganda eleitoral é ''o único canhão'' que tem na campanha, Ciro observou que o pouco tempo disponível prejudica seu desempenho nos programas.
- São apenas quatro minutos, que ainda são rasgados pelo TSE. Pouco tampo para apresentar propostas e, ainda, me defender de tantos ataques - ponderou.
Para Ciro, nos ataques são usadas ''bobagens descontextualizadas'', como, por exemplo, a declaração de que o papel de sua mulher, Patrícia Pillar, na campanha era o de apenas dormir com ele.