Líderes de oposição cogitaram pedir um novo processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff baseado na suposta delação de Delcídio Amaral (PT-MS), que cita a presidente. Os parlamentares, entretanto, desistiram da estratégia com receio de ficarem, mais uma vez, reféns das ações do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que tem a prerrogativa de aceitar ou recusar o pedido.
Na tarde desta quinta-feira (3), o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), anunciou que a oposição vai pedir um aditamento das informações da delação premiada de Delcídio ao pedido de impeachment de Dilma. A estratégia é fortalecer o pedido que já está em curso na Câmara dos Deputados, em vez de pedir a abertura de um novo processo, o que precisaria do aval de Cunha, que se tornou réu da Lava Jato por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Aécio minimizou o poder de Cunha na condução do processo de impeachment. "Essa não é uma questão do presidente Eduardo Cunha, mas da instituição Câmara dos Deputados. É uma decisão que será tomada por uma comissão representativa da Câmara composta por todos os partidos políticos", afirmou.
Leia mais:
Gerson Guariente avalia que o Orçamento de 2025 será difícil de ser realizado por Tiago Amaral
Isenção de IR para quem ganha até R$ 5.000 só ocorrerá com condições fiscais, dizem Lira e Pacheco
Código de Posturas será debatido em audiência pública na Câmara de Londrina
Kassio rejeita notícia-crime de Boulos contra Tarcísio no TSE por fala sobre PCC
Antes do anúncio de Aécio, entretanto, líderes da oposição na Câmara e no Senado defenderam a abertura de novo processo de impeachment durante reunião para avaliar estratégias para acelerar o afastamento de Dilma. Na leitura de alguns parlamentares, o processo de impeachment que corre atualmente na Câmara, baseado nas pedaladas fiscais, havia perdido a força.
A estratégia foi questionada pelo presidente do PPS, o deputado Roberto Freire (SP), que defendeu que a oposição poderia, novamente, ser chantageada por Eduardo Cunha que, como presidente da Câmara, tem a prerrogativa de aceitar ou rejeitar o pedido de impeachment.
No ano passado, Cunha usou a decisão sobre o impeachment como moeda de troca em acordos com a oposição e o governo, tentando evitar a perda de seu próprio cargo. Cunha responde a processo no Conselho de Ética, que pode levar à perda do cargo de presidente da Câmara ou até à cassação de seu mandato.
Nesta tarde, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, transformar Cunha em réu pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da operação Lava Jato. Alguns parlamentares da oposição avaliam que o peemedebista pode recorrer novamente ao apoio do governo para evitar uma futura condenação. O apoio, alegam, poderia ser negociado em troca de enfraquecimento do impeachment de Dilma na Câmara.