O ex-funcionário da Telepar Brasil Telecom e free-lancer da Defense Assessoria e Consultoria em Segurança, Jefferson Martins Storrer, admitiu ontem à CPI da Telefonia que já realizou serviços de varredura nos comitês eleitorais do governador Jaime Lerner (PFL) e do senador Alvaro Dias (PSDB). Além disso, Storrer afirmou que já executou o mesmo serviço na casa do secretário especial da Chefia de Gabinete do governador, Gerson Guelmann, e também na Secretaria de Esporte e Turismo, quando o secretário era Osvaldo dos Santos Filho.
O ex-funcionário da Telepar (que foi demitido ontem pela empresa, junto com o proprietário da Defense e gerente do Departamento de Segurança da Telepar Brasil Telecom, Edgar Fontoura Filho) disse não lembrar se fez outros trabalhos em outros comitês eleitorais ou no gabinete de Lerner. Apesar de confirmar o trabalho nesses locais, ele também não soube dizer quem o contratou para esses trabalhos. Além disso, ressaltou que o trabalho era de varredura e não de grampo.
Em seu depoimento, Jefferson Storrer disse que trabalhou com Edgar Fontoura Filho. Além de atuarem juntos nesse setor, Storrer declarou que prestava serviços para Defense Assessoria e Consultoria em Segurança, de propriedade de Edgar Fontoura Filho. Fontoura o contratava para serviços paralelos ao trabalho da Telepar. No entanto, Fontoura foi taxativo ao declarar que as varreduras no Palácio Iguaçu eram feitas pela Telepar e "jamais eram feitos pela Defense".
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Entre os clientes da Defense estava o cabo da PM Luiz Antonio Jordão - que denunciou o esquema de escutas telefônicas clandestinas no Palácio Iguaçu. Apesar de fazerem trabalhos para Jordão, ambos afirmaram que não ter intimidade com o cabo.
Mas os deputados questionaram porque Fontoura tem em mãos uma recomendação da Defense feita pela Casa Militar do Paraná à Casa Militar de Roraima, informando oque a Defense seria uma empresa idônea para executar serviços de varredura. Fontoura disse que o documento deve ter sido feito com base na confiança que a Casa Militar do Paraná tinha nas pessoas responsáveis pela empresa.
Sobre o grampo detectado no telefone da ex-secretária de Administração Maria Elisa Paciornik, em outubro de 1999, Fontoura disse que a existência foi constatada, mas o caso foi encaminhado à PIC. Segundo ele, o grampo teria sido feito dentro da Telepar e se estenderia até um escritório de advocacia da Rua Colombo. Ele disse que não foram rastreadas as últimas pessoas que mexeram no sistema da Telepar. "Mais de duzentas pessoas têm acesso a isso".
Ontem, por volta das 20h30 a CPI da Telefonia começou a acareação entre Edgar Fontoura Filho e Jefferson Storrer. Os deputados tinham dúvidas em relação à contratação de serviços realizados pela Defense. Até o fechamento desta edição a acareação não havia terminado.
O cabo da PM Luiz Antonio Jordão acompanhou os depoimentos prestados ontem à CPI e disse que as apreensões feitas pela PIC demonstram que as investigações estão no "caminho certo".
O cabo disse que não tem medo de uma acareação entre ele, Gilberto Maria Gonçalves e o chefe da Casa Militar (coronel Luis Antonio Borges Vieira). "Estou preparado", disse. A CPI ainda não ouviu Gonçalves nem o coronel Vieira. A acareação não tem data marcada.