A um dia da votação do projeto de iniciativa popular que impede a venda da Copel, oposição e situação garantem ter a maioria necessária para fazer valer seus interesses. São necessários, no mínimo, 28 votos para decidir a matéria caso os 54 parlamentares estejam no plenário. O final de semana foi de intensas negociações. O corpo-a-corpo será intensificado hoje, no plenário da Assembléia Legislativa.
Os oposicionistas brigam pela aprovação do projeto, que revoga a autorização concedida pelo Legislativo em 1998 para o governo estadual se desfazer dos 31% de participação acionária que detém da estatal de energia (Lei 12.355/98). A meta dos governistas é derrubar o projeto, garantindo a realização do leilão no dia 31 de outubro. A votação de amanhã será aberta.
A bancada de oposição conta com 25 nomes já anunciados, mas garante que faz 29 votos – inclusive com apoio de deputados do PFL, partido do governdor Jaime Lerner. Os quatro nomes restantes não são divulgados para que o governo não negocie nova mudança de voto. Os oposicionistas não descartam a possibilidade de o governo ter arrebanhado votos entre os partidos da oposição.
A liderança do governo amarga uma baixa e sustenta que tem 29 votos. Seriam 30, se a deputada Serafina Carrilho (PL) não tivesse comunicado sua mudança de posição na última sexta-feira, por conta das pressões de suas bases eleitorais (região de Maringá). O presidente da Assembléia, Hermas Brandão (PTB), vota apenas em caso de empate, e prefere não antecipar seu voto. Já declarou que prefere uma privatização parcial, mantendo a geração sob o controle do Estado.
O projeto popular, primeiro a ser submetido ao crivo dos deputados, foi encaminhado ao Legislativo no dia 11 de junho por integrantes do Fórum Popular Contra a Venda da Copel e políticos de oposição. Entidades como Federação das Indústras do Estado do Paraná (Fiep) e Associação Comercial do Paraná (ACP), além da Igreja Católica, já se manifestaram contrárias à venda.
O Palácio Iguaçu alega que a medida é necessária para estancar o déficit previdenciário de R$ 100 milhões mensais. O líder da oposição, Waldyr Pugliesi (PMDB), diz que o governo quer usar os recursos para cobrir rombos de caixa e viabilizar as eleições do próximo ano.
Ontem à noite, deputados aliados participaram de jantar com o vice-presidente Marco Maciel (PFL), a convite do presidente estadual da legenda, João Elísio Ferraz de Campos. A cúpula do Palácio Iguaçu esteve presente e aproveitou para endurecer o discuso com os deputados. A mobilização continua hoje, com o objetivo de evitar novas baixas. O governador entrou pessoalmente nas negociações, e deve se reunir hoje com os aliados. Segundo o secretário chefe da Casa Civil, Alceni Guerra, a base está "sólida" e o governador está "tranquilo".
Hoje deve ser votado o pedido do líder do governo, Durval Amaral (PFL), para transformar o plenário em comissão geral na terça e quarta-feira e acelerar a tramitação do projeto popular. O clima será tenso e o resultado da votação funcionará como prévia do projeto popular. A oposição estuda ainda manobras regimentais para impedir a derrubada do projeto. Devem ser votados junto com o projeto popular os demais projetos que tentam barrar a venda: um do líder pepebista Tony Garcia, revogando a Lei 12.355/98; outro do deputado Divanir Braz Palma (PST), suspendendo por 90 dias o processo de venda; e a realização de um plebiscito sobre a venda, de autoria do tucano José Maria Ferreira.
A orientação do presidente estadual do PSC, Giovani Gionédis (ex-secretário da Fazenda de Lerner), é votar contra a privatização. O único integrante do partido no Legislativo é o deputado Miltinho Puppio. E a liderança do governo conta com seu voto. O líder do PTB, Carlos Simões, reúne-se com a bancada hoje depois da sessão, para tratar como os petebistas vão votar.
QUEM É CONTRA OU A FAVOR DA VENDA DA COPEL
A favor:
1 - Ademar Traiano (PTB)
2 - Carlos Simões (PTB)
3 - Luiz Accorsi (PTB)
4 - Tiago Amorim (PTB)
5 - Valdir Rossoni (PTB)
6 - Custódio da Silva (PFL)
7 - Basílio Zanusso (PFL)
8 - Chico Noroeste (PFL)
9 - Cleiton Quiélse (PFL)
10 - Durval Amaral (PFL)
11 - Élio Rusch (PFL)
12 - Nelson Garcia (PFL)
13 - Plauto Miró Guimarães (PFL)
14 - Nelson Turek (PFL)
15 - Cezar Seleme (PPB)
16 - Duílio Genari (PPB)
17 - Fernando Ribas Carli (PPB)
18 - Edno Guimarães (PSL)
19 - Geraldo Cartário (PSL)
20 - Luiz Carlos Martins (PSL)
21 - Divanir Braz Palma (PST)
22 - Ricardo Maia (PSB)
23 - Moysés Leônidas (PSB)
24 - Hidekazu Takayama (PSB)
25 - Miltinho Puppio (PSC)
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Contra a venda:
1 - Algaci Túlio (PTB)
2 - Cezar Silvestri (PPS)
3 - Marcos Isfer (PPS)
4 - Augustinho Zucchi (PSDB)
5 - José Maria Ferreira (PSDB)
6 - Luiz Fernando Litro (PSDB)
7 - Neivo Beraldin (PSDB)
8 - Renato Gaúcho (PSDB)
9 - Sérgio Spada (PSDB)
10 - Ademir Bier (PMDB)
11 - Antonio Anibelli (PMDB)
12 - Caíto Quintana (PMDB)
13 - Edson Strapasson (PMDB)
14 - Nereu Moura (PMDB)
15 - Orlando Pessuti (PMDB)
16 - Waldyr Pugliesi (PMDB)
17 - Tony Garcia (PPB)
18 - Ângelo Vanhoni (PT)
19 - Hermes Fonseca (PT)
20 - Irineu Colombo (PT)
21 - Luciana Rafagnin (PT)
22 - Eli Ghellere (PDT)
23 - Luiz Carlos Zuk (PDT)
24 - Pastor Edson Praczyk (PL)
25 - Serafina Carrilho (PL)
Indecisos (mas contados como favoráveis pela liderança do governo):
1 - Ricardo Chab (PTB)
2 - Antonio Carlos Belinati (PSL)
3 - Luiz Carlos Alborghetti (PTB)
Não antecipa o voto: Hermas Brandão (PTB)
Fonte: Levantamentos das bancadas de oposição e do governo. Votos sujeitos a alterações.