A segunda versão da CPI da Telefonia, montada pela Assembléia Legislativa para apurar o envolvimento do Banco HSBC num esquema de escutas clandestinas denunciado pelo Sindicato dos Bancários do Paraná, ainda não conseguiu reunir provas suficientes para incriminar o banco inglês. Os deputados da comissão tentam encontrar, via Interpol, o coronel Lewis Keith, apontado como o responsável pelo esquema de espionagem.
O presidente da CPI, Tony Garcia (PPB), disse que os depoimentos coletados pela manhã, no Plenarinho da Assembléia, em Curitiba, reforçam por enquanto somente a tese de que o HSBC montou uma agência de segurança interna, envolvendo agentes federais, policiais militares e civis de todo o País, o que é ilegal. Além do HSBC, a CPI investiga suposto envolvimento da Telepar Brasil Telecom.
O chefe de segurança do HSBC, Florindo de Lima, um dos depoentes, reconheceu 90% dos nomes de agentes e policiais civis e militares apresentados durante a sessão. Ele trabalha dentro do banco com a prevenção criminal em agências. Lima admitiu a prestação de serviços de policiais dentro do Departamento de Segurança do HSBC, porém, negou qualquer tipo de irregularidade nos serviços prestados.
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"Existia uma ramificação desta agência em todo o País. Temos convicção disto. Em vez do HSBC fazer investigações com o auxílio da polícia, contratava policiais para montar uma rede própria de investigação. A nossa dúvida agora é com que tipo de expediente trabalhava esta agência", declarou Tony Garcia.
"Há uma tentativa de negar a autoria desse procedimento criminoso por parte do departamento de segurança. Parece claro que as atividades ilícitas de grampo e quebra de sigilos existiam. Eles usaram de entidades nossas para fazer a violação da constituição brasileira", reforçou o deputado estadual Ângelo Vanhoni (PT).
O advogado criminalista e gerente de segurança do HSBC, Vitor Gardolinski Júnior, que trabalha no setor de combate a fraudes e consultas em cartórios e institutos de identificação, negou a contratação de policiais civis ou militares no Departamento de Segurança. Mas, no decorrer do depoimento, acabou se contradizendo. Admitiu ter ciência de que os policiais Jorge Luis Martins (ex-sargento da PM) e Sérgio Luiz de Oliveira (policial civil) prestavam serviços dentro da unidade bancária.
A CPI da Telefonia levou Vitor Gardolinski para uma acareação com o ex-funcionário do HSBC Vaolmir Macedo de Oliveira; com a mulher dele, Judite de Oliveira; e ainda com o advogado criminalista Antônio Carlos Ferreira, para explicar uma suspeita ação policial de busca e apreensão de documentos realizada na casa do casal Oliveira.
A casa ficava no bairro Boqueirão e em caso de ocorrência deveria ser atendida pelo 7º Distrito Policial. Entretanto, foi o 1º Distrito Policial, cuja jurisdição é o Centro de Curitiba, que fez a apreensão. Judite disse que o advogado do HSBC se apresentou como delegado de polícia e agiu como tal durante a pretensa ação policial. Vaolmir foi acusado de praticar agiotagem.
Os deputados consideraram um exagero do HSBC enviar funcionários para uma ação que teria que ser policial. Além de Gardolinski, teriam participado funcionário Carlindo Luiz Rocha da Silva (responsável por fitas de vídeo na área de segurança) e Álvaro Luiz Rodrigues Heidemann (que teria feito um relatório sobre a operação).
"Tínhamos que ir em várias pessoas para pegar os documentos. Não sabíamos o que iria acontecer. Mas somente eu entrei", justificou o advogado do HSBC.
Na próxima terça-feira, dia 21, serão convocados para depor o ex-sargento Jorge Luis Martins, o diretor de Segurança do HSBC, Paulo Polesi, e o presidente da Telepar Brasil Telecom, Juan Ramon Aviles. Jorge Luis Martins fez as primeiras acusações sobre grampos clandestinos e filmagens no Sindicato dos Bancários.
A segunda versão da CPI da Telefonia não investiga as denúncias feitas contra o primeiro escalão do governo Jaime Lerner (PFL) de envolvimento também em escutas ilegais. O assunto diz respeito a primeira CPI, com o mesmo nome, suspensa por 90 dias por ordem judicial.