O coronel Lício de Freitas Pereira, consultor de segurança da presidência do HSBC, confirmou, em depoimento prestado à CPI da Telefonia, ter oferecido emprego e acerto trabalhista para que o ex-sargento da Polícia Militar, Jorge Luis Martins, mudasse seus depoimentos e viajasse para Sorocaba (interior de São Paulo) com a família.
A idéia era fazer com que Martins remetesse os atos irregulares praticados dentro da instituição bancária para a administração anterior a 1997, quando ainda era presidente do Grupo Bamerindus o empresário José Eduardo de Andrade Vieira. "Fiz apenas uma orientação para ele. Se havia problemas dentro do banco com relação a grampos, eu desconheço. No entanto, os problemas deveriam estar ocorrendo antes da gestão do HSBC", tentou se defender.
Pereira admitiu ainda ter ofertado um acerto com o ex-sargento para que ele aceitasse um emprego na New Seg e fosse para Sorocaba com a família. "Eu não sabia que nossa conversa estava sendo gravada. Falei tudo com muito desprendimento, mas não quis ameaçá-lo. Quando falei que não queria vê-lo morto numa valeta, quis dizer apenas que ele havia denunciado nomes de peso na Polícia Civil e Militar. Estava com medo que ele se metesse em uma situação delicada", justificou.
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O coronel reformado do Exército foi chamado para trabalhar no HSBC em março de 1997. Ele chegou em Curitiba e resolveu montar uma equipe de segurança ao lado do coronel reformado da Polícia Militar, Sérgio Itamar Alves, ex-comandante da PM. Itamar teria levado com ele outros sete capitães da reserva.
O ex-diretor da empresa Aurora - que já prestava serviços para o Bamerindus, Florindo Lima, foi contratado como chefe de segurança. Com ele, foi para o banco o sargento Martins. Pereira foi contrato inicialmente para ser diretor-adjunto de infra-estrutura do HSBC. Ele permaneceu no cargo até agosto de 1998, quando fez um contrato verbal para ser consultor de segurança da direção do HSBC. Cargo que permaneceu até o depoimento prestado aos deputados. "Ao sair daqui não sei se vou continuar ou não neste cargo. Pode ser que o banco não queira mais os meus serviços", lamentou.
Lício Pereira tentou imputar apenas ao ex-sargento o crime de escutas clandestinas e o fato de ter sido contratado com o cargo de bancário mesmo sendo policial militar. Mas os deputados lembraram que o HSBC tinha conhecimento que Martins era da ativa e apresentaram novamente uma carta do coronel Guaraci Moraes Barros e que colocava o sargento à disposição do banco. "O HSBC sabia que o sargento era da ativa. Então estava cometendo crime junto com a Polícia Militar", avisou o deputado estadual Tony Garcia (PPB), presidente da CPI da Telefonia.