O relatório final da CPI Nacional do Narcotráfico confirma o indiciamento de 97 pessoas e sete empresas do Paraná, cujo seus nomes têm algum relacionamento com o crime organizado. No documento oficial aprovado ontem no Congresso Nacional, que consta com 807 indiciados, de cada oito citados pelo menos está no estado.
Entre os nomes citados estão ex-secretário Cândido Martins de Oliveira e os delegados João Ricardo Kepes Noronha, Mário Ramos, Kioshy Hattanda - todos de Curitiba -, Emílio Wzorek (Ponta Grossa) e diversos policiais. Além disso, estão na mesma lista os empresários Joarez França Costa (conhecido como Caboclinho) e Paulo Mandelli, ambos acusados de envolvimento com o crime organizado. Outro nome citado é o advogado Antônio Pelizetti.
"Os nomes no relatório são resultados da apuração da CPI e também são pessoas citadas pelo Ministério Público", explicou o deputado federal Padre Roque Zimmermann (PT), que integrou a comissão. Dos nomes no relatório, 39 são resultados da vinda da CPI ao Paraná, entre os meses de fevereiro e março. Os outros restantes são fruto de denúncia de promotores estaduais, que encaminharam os processos para serem anexados ao trabalho da comissão. Alguns dos processos já estão correndo na Justiça.
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Padre Roque explicou que com o fim da CPI, os parlamentares vão encaminhar cópias do nomes das pessoas e empresas, nos próximos dias, à Procuradoria Geral da República, que deverá enviar as acusações para o Ministérios Público Federal de cada estado. Junto, também será aberto espaço para uma investigação por parte da Polícia Federal, Receita Federal e Banco Central.
O parlamentar entende que as investigações feitas até o momento não encerram o caso. "Agora a população deve pressionar para o que trabalho se encerre e puna os culpados. E a pressão deve ser maior no Paraná", afirmou. De acordo com o deputado, no Estado as apurações foram "superficiais, em função do envolvimento de policiais com o crime organizado". No relatório, este problema é mencionado. Em um trecho foi escrito que em "muitas vezes foi muito difícil detectar a fronteira existente entre o policial e o bandido, tal a promiscuidade existente."
"Por isso, o trabalho mais detalhado sobre o crime organizado no Paraná deverá ser fruto das investigações feitas na Assembléia Legislativa", disse o deputado federal Padre Roque Zimmermann. "O alvo acabou sendo a Polícia Civil, onde era mais evidente a ação do narcotráfico", afirmou Padre Roque.
Na avaliação do parlamentar, o governo do estado não ajudou o processo de apuração. "Os delegados e policiais do Grupo Fera (Força Especial de Repressão Antitóxicos) e os promotores da Promotoria de Investigação Criminal (PIC) foram a exceção, que possibilitou uma investigação mais apurada", afirmou.
No entanto, em entrevista anteontem à Folha, o delegado-geral da Polícia Civil, Leonyl Ribeiro, disse que estão abertos 60 processos e inquéritos administrativos contra policiais citados na CPI. Ribeiro disse que os policiais sob suspeita estão afastados ou trabalhando sob a fiscalização de seus superiores.