O deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) protocolou nesta quarta-feira o requerimento que pede a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara para investigar as privatizações realizadas no governo Fernando Henrique Cardoso. A ação tem como base o livro Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr, que no ano passado esteve envolvido no escândalo da violação de sigilo fiscal de pessoas ligadas ao PSDB. O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), disse que só deve decidir pela criação ou não da CPI a partir de fevereiro de 2012.
Foram apresentadas 206 assinaturas junto com o requerimento mas, segundo Protógenes, algumas podem estar repetidas e o total deve ficar em cerca de 200. Para criar uma CPI, são necessárias 171 assinaturas e o pedido de investigação deve ter fato determinado. Marco Maia pediu um parecer à Secretaria-Geral da Mesa da Casa para analisar se o requerimento atende às duas exigências, mas já adiantou que somente no próximo ano definirá o tema.
"Não há nenhuma possibilidade de se fazer uma análise ainda neste ano. Não vejo também necessidade de dar prioridade absoluta porque não é nada tão fundamental ou que possa trazer prejuízo ao país que não possa esperar o trâmite normal", disse o presidente da Câmara. Protógenes afirmou que o pedido de investigação atende a um "clamor popular". Disse ainda que as possíveis irregularidades nas privatizações podem ser mais graves do que as denúncias contra o governo Dilma Rousseff. Apesar da queda de seis ministros por acusações de corrupção, até agora a oposição não conseguiu assinaturas para a realização de uma CPI.
Leia mais:
Investigação sobre desvios em compra de vacina da Covid volta ao STF, e PGR analisa em segredo
Lula tem alta da UTI e passa a ter cuidados semi-intensivos no hospital
Proposta nacional é mais flexível sobre armazenamento de celular na escola
Lula tem dreno removido, segue lúcido e bem, informa boletim médico
"Os fatos podem ser até mais sérios do que os escândalos atuais até porque eles podem ter origem nisso. A origem, aliás, está na redemocratização feita no Brasil que foi pior que na Rússia e produziu novos bilionários", afirmou o deputado do PCdoB. O parlamentar garante que não se pretende usar politicamente a CPI das privatizações. "Não vamos permitir que a CPI sirva para ataque a adversários políticos", disse Protógenes. Marco Maia, porém, acredita ser impossível manter a investigação sem aspectos partidários. "É uma CPI explosiva que tem contornos de debate político".