Assessores jurídicos da Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Paraná e integrantes do Fórum de Luta por Trabalho, Terra, Cidadania e Soberania voltaram a se reunir ontem para discutir as medidas que serão tomadas para liberar os jornais contra a privatização da Copel apreendidos por ordem judicial a pedido do governador Jaime Lerner (PFL) na noite de sexta-feira. No início da semana os advogados vão tentar derrubar liminar concedida a Lerner.
Na tarde de sexta-feira o Fórum conseguiu a liberação dos cerca de 100 mil exemplares do jornal que estavam retidos na Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas por calúnia e injúria ao governador Lerner. Depois do depoimento da jornalista responsável pela edição, Léa Okseanberg, o material foi liberado pela polícia. Menos de uma hora depois, Lerner conseguiu uma liminar judicial para apreender novamente o material. Os jornais foram recolhidos da sede da CUT em Curitiba por determinação do juiz Renato Lopes de Paiva, da 16ª Vara Cível.
"Está parecendo brincadeira essa história de prende e solta, prende e solta, nós queremos nosso jornal de volta porque ele não traz nada de novo sobre o governador que já não tenha sido divulgado pela imprensa estadual", afirmou Roberto Von Der Osten, presidente da CUT no Paraná. O jornal foi impresso em São Paulo e deveria ser distribuído em todo o Estado antes do dia 11 de junho, quando acontece a marcha contra a privatização da Copel, em Curitiba.
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Do momento em que o material foi liberado da delegacia de Estelionatos até a concessão da liminar para nova apreensão, uma parte dos jornais foi distribuída. "Eu não estava na sede da CUT, mas me disseram que no caminho muitas pessoas pegaram exemplares do jornal", lembra Von Der Osten.
Os oficiais de justiça encontraram cerca de 30 mil exemplares dos 100 mil impressos na sede da CUT sexta-feira à noite. Segundo o advogado de defesa do governador, José Cid Campêlo, a maior parte dos exemplares já foi distribuída em razão da liberação da carga pela delegacia de Esletionato e Desvio de Cargas. "A liberação só poderia ocorrer por determinação judicial, e isso não aconteceu", afirma Campêlo.
A decisão do juiz Renato Lopes de Paiva na noite de sexta-feira fixa uma multa de R$ 4 mil por dia para a CUT, caso a distribuição do jornal continue ocorrendo. O governador requereu a apreensão do material na sexta-feira à noite em função do seu conteúdo "injurioso, calunioso e difamente". Em sua decisão, o juiz Pavia afirma que a apreensão impede que ocorra "lesão irreversível a verossível direito da parte autora (governador Lerner)".