A defesa da ex-presidente Dilma Rousseff pediu na segunda-feira (13) ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o ex-assessor especial da Presidência José Yunes sejam ouvidos no âmbito da ação que apura se a chapa encabeçada pela petista, de quem Michel Temer (PMDB) foi vice, cometeu abuso de poder político e econômico para se reeleger.
O pedido da defesa de Dilma foi feito depois de o ex-executivo da Odebrecht José de Carvalho Filho ter afirmado em depoimento à corte eleitoral na última sexta-feira (10) que Padilha recebeu pelo menos quatro senhas para o pagamento de caixa 2 ao PMDB. As senhas tinham os seguintes nomes: "Foguete", "Árvore", "Morango" e "Pinguim".
Padilha teria acertado locais de entrega do dinheiro da empreiteira mediante senhas trocadas com o ex-executivo. De acordo com Carvalho Filho, um dos locais indicados por Padilha foi o escritório de José Yunes, amigo e ex-assessor de Michel Temer. Esse pagamento teria sido realizado no dia 4 de setembro de 2014.
Leia mais:
Moraes diz que 8/1 demonstrou falência de autorregulação das plataformas
STF marca julgamento de ação de Bolsonaro para tirar trama golpista da relatoria de Moraes
Vereadores de Londrina rejeitam projeto de lei que autorizava troca de imóveis para sede da Codel e Ippul
STF retoma julgamento que pode punir redes sociais por conteúdos de usuários
O valor total destinado ao PMDB chegou a R$ 5 milhões, dos quais R$ 500 mil teriam sido destinados ao então deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Carvalho Filho afirmou que para entregar as senhas esteve com Padilha pelo menos quatro vezes. O ex-executivo da Odebrecht trabalhava na equipe do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho. No anexo de delação premiada que veio à público em dezembro, Melo relata que foi Carvalho Filho quem o apresentou a Padilha.
Requerimento
A defesa de Dilma também pediu que o ministro Herman Benjamin, relator da ação no TSE, solicite à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) o compartilhamento do conteúdo das delações dos executivos e funcionários da Odebrecht que prestaram depoimento à corte eleitoral, preservando o sigilo decretado.
Os advogados que defendem a ex-presidente ainda solicitaram que sejam ouvidos lideranças dos partidos que integraram a chapa da petista em 2014, entre eles Rui Falcão (PT), Carlos Lupi (PDT), Gilberto Kassab (PSD) e Valdir Raupp (PMDB) e que o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social Edinho Silva (PT), coordenador financeiro da chapa Dilma-Temer, preste novo depoimento.
Os depoimentos dessas testemunhas, alega a defesa da petista, poderão esclarecer as acusações do empresário Marcelo Odebrecht de que a empreiteira teria colaborado financeiramente com as legendas por meio de caixa 2.
Dilma pediu também que o ministro Herman Benjamin reconsidere decisão sobre trecho do depoimento do ex-presidente da Construtora Norberto Odebrecht Benedicto Júnior referente à chapa do então candidato tucano à Presidência, senador Aécio Neves (MG). Herman determinou que essas partes sejam "tarjadas" nas transcrições que constarão nos autos da ação sobre a chapa Dilma-Temer.