Acreditando que o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), é um dos investigados na operação Publicano, seus advogados tentaram levar as investigações ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), corte onde os governadores têm foro para responder a processos criminais. A liminar foi negada pelo ministro relator, João Otávio de Noronha, em decisão proferida quarta-feira passada e publicada ontem.
Na reclamação, assinada pelo advogado Eduardo Sanz de Oliveira e Silva, interposta contra o juiz da 3ª Vara Criminal de Londrina, onde tramitam os inquéritos, os advogados afirmam que a imprensa nacional tem vinculado o nome do governador ao esquema de corrupção na Receita Estadual de Londrina, objeto de investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) desde março.
O nome do tucano ganhou destaque após acordo de delação premiada do auditor Luiz Antonio de Souza, que revelou que auditores arrecadaram R$ 4,3 milhões de propina junto a empresários para a campanha de reeleição de Beto, em 2014. Antes disso, ele foi mencionado incidentalmente, uma vez que tem parentesco com o empresário Luiz Abi Antoun, que, até ser preso, em março, na operação Voldemort, por fraude na contratação de sua própria empresa pelo governo de Beto, tinha trânsito livre no gabinete tucano. Agora, Abi é uma peças fundamentais na segunda fase da operação Publicano. Seria ele, também, a ter dado ordens para a arrecadação de dinheiro para a campanha de reeleição.
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Para o ministro, "tais informações, no entanto, estão ainda no âmbito do noticiário da imprensa, mas efetivamente não há ainda indiciamento formal do governador ou outro indicativo mais contundente de que esteja sendo ele alvo de investigações", escreveu. "Assim, para evitar prejuízos à marcha do inquérito, indefiro a liminar".
No mês passado, o advogado René Ariel Dotti, contratado para defender Beto e a primeira-dama Fernanda Richa, solicitou à 3ª Vara Criminal acesso ao inquérito, o que foi negado, diante da informação judicial de que o governador não é um dos investigados, apesar de "menções ao seu nome em alguns depoimentos". Ontem, Dotti afirmou que espera a decisão conclusiva do relator, uma vez que ele solicitou informações à 3ª Vara Criminal e à coordenação do Gaeco.