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Dinheiro de propina

Delator reafirma supostas doações ilegais para Amaral e Richa

Loriane Comelli - Equipe Folha
08 mar 2016 às 08:33

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- Marcos Zanutto/Equipe Folha
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Durante 6h30, em interrogatório perante o juiz da 3ª Vara Criminal, Juliano Nanuncio, o auditor Luiz Antonio de Souza, principal delator da investigação acerca do esquema de cobrança de propina na Delegacia da Receita Estadual de Londrina, reafirmou que havia suposta ingerência política no órgão fazendário e mencionou pelo menos duas doações ilegais para campanhas eleitorais: para o deputado estadual Tiago do Amaral (PHS), eleito para o primeiro mandato em 2014, e Beto Richa (PSDB), reeleito naquele ano.

Sobre Amaral, disse que arrecadou, juntamente com os auditores José Luiz Favoreto e Márcio de Albuquerque Lima, este suposto líder da organização criminosa incrustada na Receita de Londrina, o montante de R$ 200 mil. "O dinheiro veio de propina (exigida de empresários)", afirmou Souza, no interrogatório. Seu advogado, Eduardo Duarte Ferreira, revelou detalhes: disse que o pedido de doação teria sido feito pelo próprio Amaral, na sede da Receita, em reunião com um grupo de auditores. A entrega do valor – em dinheiro – também teria ocorrido na Receita a um assessor de Amaral. "A doação foi feita em dinheiro, dentro da delegacia de Londrina para um assessor do deputado de nome Marco Polo", relatou Ferreira.

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Tal montante não foi contabilizado, ou seja, teria ido a um suposto caixa dois da campanha. Em maio do ano passado, a FOLHA revelou que uma empresa de Luiz Antonio de Souza, a Masterinvest Service Ltda., registrada, porém, em nome de familiares do delator, que atuariam como "laranjas", doou R$ 8.150 para a campanha de Amaral, valor contabilizado e incluído na prestação de contas oficial. As doações – de R$ 1.180 e R$ 6.970 – foram feitas em cheque da Masterinvest, em 29 de outubro do ano passado, quase um mês após a eleição de 2014. O motivo de tal doação legal seria uma forma de "fechar a contabilidade".

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Amaral também recebeu R$ 5,3 mil de dois auditores envolvidos no esquema: Amadeu Serapião e Ademir de Andrade. Àquela ocasião, o deputado negou qualquer irregularidade, afirmando que suas contas haviam sido aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

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O MP sustenta que a Masterinvest seria uma empresa de "fachada", usada no esquema fraudulento; ontem, Souza negou, afirmando que ser uma empresa atuante no comércio de materiais para escritório e a prestação de serviços de manutenção de equipamentos de informática, conforme o contrato social.


O auditor também mencionou a suposta influência do conselheiro do Tribunal de Contas (TC) do Paraná Durval Amaral na Receita, afirmando que ele teria interferido em fiscalização de empresa de amigos.

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Segundo Ferreira, ajudar a família Amaral seria benéfico ao esquema criminoso. "A família Amaral é uma família muito forte; o Durval já era conselheiro do tribunal; já havia influência histórica; e contribuir com essa família seria certeza de que não seriam (os auditores) incomodados", explicou.


Sobre a campanha de Beto Richa, o auditor voltou a falar que auditores de Londrina recolheram R$ 800 mil em propina para a reeleição do tucano. O pedido inicial seria de R$ 1 milhão e teria sido feito diretamente ao auditor Márcio de Albuquerque Lima, apontado pelo MP como líder da suposta organização criminosa. O fato novo é que ele, Souza, teria doado cinco mil litros para a primeira campanha eleitoral de Beto ao Iguaçu, em 2010. Com dinheiro de propina, teria deixado pago o combustível em um posto na Avenida Dez de Dezembro. O PSDB negou, em notas anteriores, qualquer ilicitude na campanha de reeleição do governador.

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LÍDER


No interrogatório de ontem, realizado na sala do Tribunal do Júri, no processo relativo à primeira fase da Operação Publicano, Souza confirmou praticamente tudo o que havia declarado em acordo de colaboração premiada com o Ministério Público (MP), firmado em maio do ano passado.

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Detalhou, principalmente, o papel de Lima como pessoa que teria conhecimento de todas as irregularidades. Lima foi delegado em Londrina e, em 2014, assumiu um dos principais cargos da Receita, a Inspetoria Geral de Fiscalização. Reafirmou que havia divisão da propina com auditores da cúpula da Receita, em Curitiba, e confirmou vários em que ele próprio achacou empresários.


Porém, o delator não confirmou todos os fatos da denúncia, que foi formulada pelos promotores antes do acordo de delação premiada com Souza. Disse que desconhecia algumas situações e negou outras.

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Da lista de 26 auditores incluídos como réus, disse que desconhecia a participação de dois deles: Ana Paula Pelizari Marques Lima, mulher do suposto líder, e Dalton Lázaro Soares, ex-delegado de Londrina. "Nunca tratei com Ana Paula e nunca repassei nada ao Dalton", declarou. O advogado de Lima, Ana Paula e Soares preferiu não falar sobre a situação de seus clientes.
Para a promotora Leila Schimiti, tal negativa não significa isenção de responsabilidade, já que alguns auditores não tinham exatamente a função de arrecadar propina, mas participaram do esquema de outras maneiras. Hoje, a partir das 15 horas, será ouvida outra delatora, a auditora Rosângela Semprebom, irmã de Luiz Antonio.


OUTRO LADO

A assessoria de imprensa do deputado Tiago Amaral (PSB) informou que ele iria tomar conhecimento das declarações do auditor Luiz Antonio de Souza, antes de se pronunciar. O conselheiro Durval Amaral foi procurado no TC, mas o expediente já havia terminado. O celular dele estava desligado. (colaborou Edson Ferreira/Reportagem Local)


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