O deputado José Maria Ferreira (PSDB) disse que daria entrada ainda ontem no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ) com uma ação para responsabilizar o governador Jaime Lerner (PFL) por propaganda enganosa em relação à privatização da Companhia Paranaense de Energia (Copel). Segundo o tucano, o governo não pode alegar que vai vender a estatal em obediência ao programa nacional de desregulamentação do setor elétrico, enquanto o próprio presidente da República, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), afirma que a decisão cabe aos Estados.
Ferreira também quer saber quanto o governo gastou com a campanha publicitária da Copel. Ele disse que, extra-oficialmente, seriam R$ 19 milhões. A cifra é considerada exagerada pelo Palácio Iguaçu. "Estão gastando dinheiro público para veicular informações inverídicas", criticou o deputado. A ação tem o apoio do Fórum Popular Contra a Venda da Copel, que reúne cerca de 75 entidades em todo Estado. O procurador-geral do Estado, Joel Coimbra, já adiantou que só vai se pronunciar quando tomar conhecimento do teor das ações.
Além da ação do tucano, o PT já protocolou, no último dia 11, ação no TJ pedindo direito de resposta em relação às peças publicitárias da estatal de energia. O governo do Estado informa que o ex-governador do Espírito Santo, o petista Vitor Buaiz, vendeu a companhia de energia do Estado, a Escelsa. O PT diz que a afirmação não procede, porque o responsável pela privatização da Escelsa foi o governador Albuíno Azeredo (PDT).
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O coordenador executivo do Fórum, Nelton Friedrich, disse que seu departamento jurídico estuda diversas ações para tentar barrar a venda da companhia de energia, que o governo pretende concretizar em outubro ou novembro. Um dos principais argumentos do Palácio Iguaçu é que se não for vendida, a empresa vai perder competitividade. Além disso, o produto da venda é necessário para livrar o Estado de um déficit previdenciário de R$ 90 milhões mensais.
Na noite de ontem, o Fórum e os partidos de oposição na Câmara de Vereadores de Curitiba realizaram uma audiência popular para debater o assunto, com a participação de diversas entidades da sociedade civil organizada. O governo do Estado foi convidado, mas não mandou representante à reunião. A maioria do Legislativo municipal já se posicionou contrária à alienação da estatal. No mês passado, foi aprovada moção de repúdio à venda. A vereadora petista Dra. Clair disse que a Câmara está "somando esforços" ao trabalho do Fórum. Tadeu Veneri (PT) considera a privatização um absurdo. "Quem comprar a Copel compra o direito de explorar a água".
O Fórum deu início à coleta das 60 mil assinaturas necessárias para apresentação do projeto de iniciativa popular para proibir a venda da Copel. A entrega das assinaturas está prevista para o dia 13 de junho, na Assembléia, durante a Marcha dos 50 mil.
Com o objetivo de engrossar o apoio popular contra a privatização, os 14 integrantes da bancada de oposição na Assembléia Legislativa decidiram repartir os custos para colocar cerca de 250 outdoors espalhados em 120 municípios. Segundo o deputado Ângelo Vanhoni (PT), a propaganda começa a ser veiculada em maio, e deve custar aproximadamente R$ 35 mil. Também serão distribuídos folhetos.