Antes da partida do Londrina contra a Chapecoense começar no estádio do Café, na noite deste sábado (10), uma confusão envolvendo a equipe do deputado federal Filipe Barros (PL) e torcedores do Tubarão ocorreu na entrada do local. O deputado, que concorre à reeleição, postou em seu perfil no Twitter que ele e sua equipe foram "vítimas de covarde violência política feita por uma horda de petistas que integram a Falange Azul". Já a torcida organizada Falange Azul postou uma nota oficial no Instagram após as manifestações do parlamentar nas redes sociais contestando sua versão.
No Twitter, Filipe Barros postou um vídeo com imagens da campanha eleitoral durante o sábado em frente ao estádio e também com trechos da confusão já citada por ele. Na postagem, ele afirma que estava com sua família e equipe no estádio do Café. "Eis que petistas criminosos chegaram em bando e partiram gratuitamente pra porrada: agrediram meu sobrinho de 18 anos, meu tio de 65, meu pai, minha assessora, demais da equipe e eu", escreveu, dando uma conotação de violência política ao caso no esteio da morte de um petista por um apoiador bolsonarista no Mato Grosso.
Neste vídeo, o candidato faz o seu relato de como começou a confusão. "O meu sobrinho Vitor, de 18 anos de idade, tirou o dia hoje para nos ajudar fazendo panfletagem no sinaleiro, foi entregar um panfleto para um dos carros que parou no sinaleiro, quando simplesmente esse carro falou que era Lula, falou que não gostava do Filipe Barros, que não gostava do Bolsonaro e jogou os panfletos no chão. Tudo bem, não tem problema nenhum. Faz parte da democracia. Continuamos com o nosso trabalho, com a nossa conversa. Eis que essas mesmas pessoas que estavam no carro chegaram como uma horda, estavam mais de 10 e começaram a gritar que não gostavam do Bolsonaro, do Filipe, que nós éramos machistas, que nos agredíamos mulheres, deram soco na boca do meu sobrinho Vitor de 18 anos de idade. São covardes", afirmou Barros, dizendo que os torcedores do LEC agrediram ainda outras pessoas do grupo com chutes.
Leia mais:
Lula tem dreno removido, segue lúcido e bem, informa boletim médico
Câmara de Londrina vota Orçamento e Plano Diretor em sessão extraordinária
Câmara aprova castração química para condenados por pedofilia
Um sucesso, diz médico de Lula sobre procedimento na cabeça para evitar novos sangramentos
Versões
A reportagem da FOLHA conversou já dentro do estádio com o casal de torcedores do Tubarão que chegava de carro para assistir ao jogo deste sábado e afirmou ter sido surpreendido por um bloco de panfletos sendo jogado pela janela do veículo.
Ana Paula Porto relata que estava com seu marido no carro passando pela avenida do estádio [do Café] e no quebra-molas pararam para os pedestres passarem. "Neste momento, um assessor, uma pessoa que trabalha para ele [Filipe Barros], pegou um tanto de panfletos e jogou dentro do carro. Acertou até minha cara. Quando eu peguei esses panfletos para tirar do carro, o assessor veio perguntar o que estava acontecendo. Nisso, o Filipe Barros já chegou na janela do carro perguntando, aí nós paramos, depois seguimos e eu entrei no estádio", destacou. Para Porto, não foi violência política. "Foi violência contra mim. Independentemente em quem eu voto, ele não tem direito de jogar panfletos dentro do meu carro", disse.
Henrique Souza, marido de Ana Paula e membro da Falange Azul, contou à reportagem que quando o assessor perguntou o que estava acontecendo, ele disse que deveriam perguntar se a pessoa gostaria de receber os panfletos. "Depois disso, nós seguimos, parei onde tinha um agente da CMTU e falei que estavam jogando panfleto sem perguntar, sem nada. O agente deu risada e não fez nada. Guardei meu carro e voltei lá para conversar. Chegando lá, o cara que veio no carro se escondeu atrás dele [Filipe Barros] e falou: 'o cara está vindo ali'. Aí o Filipe Barrou falou: ‘não vamos brigar’. Eu falei que não queria brigar. Falei que não é assim que funciona propaganda política. 'Não tenho partido, não tenho nada. Não tenho nada contra você'. Só que nisso aí, os caras que estavam em volta escutaram a conversa e falaram: o cara [assessor] agrediu uma mulher. E um assessor começou a peitar o pessoal em volta. Alguém tacou um copo, acertou um deles e começou a briga. Eu não fui para cima de ninguém, apenas tentei separar", relatou.
Sobre a confusão em frente ao estádio, o torcedor destacou que "não tem nada a ver com política". "O assessor chegou do nada, jogou panfletos no rosto de uma mulher dentro de um carro. Ele acertou o rosto da minha esposa. Tanto é que tem gente envolvida na briga que vota nele [Filipe Barros]. Não tem nada a ver com política e nem com torcida organizada", pontuou.
Segundo a nota oficial da Falange Azul, a confusão mencionada pelo deputado começou quando um membro da sua equipe agrediu uma torcedora do Londrina, que recusou receber o panfleto de campanha. "Após o ataque, a torcedora ainda foi xingada pelos assessores e cabos eleitorais e pelo próprio candidato. Muitos torcedores, incluindo diversas pessoas que sequer são sócias da torcida, mas que estavam ao redor, se revoltaram com a atitude e foram tomar satisfações", descreve trecho do comunicado. A torcida diz que lamenta e repudia episódios de violência e finaliza informando que irá tomar as "devidas providências jurídicas contra as informações caluniosas do parlamentar".
Veja a nota:
O deputado federal afirmou no Twitter que a nota da Falange Azul é mentirosa e que a torcida desativou os comentários na postagem da nota oficial após receberem comentários de várias pessoas, incluindo torcedores do LEC, "repudiando as agressões e as mentiras do bando".
Em outro vídeo postado, Barros lê a nota oficial da torcida organizada e afirma que os membros são mentirosos. "Porque eu tenho o vídeo. Não era nenhum membro da minha equipe, era meu sobrinho de 18 anos que abordou o carro onde esses criminosos estavam. Quando ele vai entregar o panfleto nosso, eles pegam e jogam fora dizendo: aqui é Lula, aqui não tem Bolsonaro, aqui não tem Filipe Barros. O que acontece? O meu sobrinho muito educadamente pega os panfletos que haviam sido atirados pelo chão. Aparece meu pai na tela também recolhendo os panfletos que foram atirados pela janela do carro. E o carro simplesmente segue viagem. Depois, todas essas pessoas e mais alguns outros retornam para onde nós estávamos para partir para agressão geral", disse.
No início da tarde deste domingo (11), a equipe jurídica de Filipe Barros enviou nota à FOLHA sobre a situação registrada no estádio do Café. Trecho descreve que "medidas legais estão sendo tomadas e as vias legais continuarão sendo perseguidas".
"Na tarde de ontem (10/09), na avenida defronte ao Estádio do Café e em momento anterior à partida entre Londrina Esporte Clube e Associação Chapecoense de Futebol, a equipe de trabalho, os familiares e o próprio candidato à reeleição a deputado federal Filipe Barros (PL-PR) foram alvo de um covarde, despropositado e violento ataque enquanto simplesmente desenvolviam atividades regulares de sua campanha eleitoral, distribuindo materiais e pedindo o apoio dos paranaenses no pleito de 2 de outubro.
Este triste e lamentável episódio - desencadeado por evidente motivação política - acarretou a hospitalização de um senhor de idade, bem como resultou na ofensa à integridade física e no atendimento médico de diversos outros integrantes da equipe do candidato e seus familiares.
As imagens divulgadas nas redes sociais são claras e demonstram que os danos poderiam ter sido ainda maiores.
Desde o incidente, as medidas legais estão sendo tomadas e as vias legais continuarão sendo perseguidas para que possa se dar a efetiva responsabilização das pessoas que covardemente protagonizaram mais um incidente de violência política em nosso país.
Inclusive, através das mencionadas imagens, já foram identificados diversos dos responsáveis pela selvageria de ontem, os quais seguramente arcarão com as consequências previstas em Lei.
É preciso frisar, no entanto, que estes indivíduos – covardes e criminosos – não representam as famílias londrinenses apaixonadas pelo Londrina Esporte Clube, o nosso Tubarão.
São apenas um pequeno grupo de militantes que se escondem atrás de camiseta celeste e branca para provocar desordem e cometer crimes.
Não à toa, um dos agressores identificados é conhecido pelas arruaças promovidas em Londrina e Curitiba.
O candidato Filipe Barros acredita no Esporte como fator de união, fortalecimento social e inclusão.
Como deputado federal, tem se dedicado a incentivar o Esporte paranaense, com a destinação de R$ 6,2 milhões para investimentos em infraestrutura e complexos esportivos, como, por exemplo, as novas torres de iluminação do próprio Estádio do Café.
Por fim, em nome do candidato e de toda a sua equipe, queremos agradecer as milhares de manifestações de apoio e solidariedade que recebemos. Agradecemos imensamente as palavras de carinho que recebemos e seguiremos a campanha em busca da reeleição para deputado federal, muito mais fortalecidos."
Veja as postagens do deputado:
Desmascarando a nota mentirosa da Falange Azul. As imagens desmentem a versão dos criminosos. pic.twitter.com/hcmyaZbato
— Filipe Barros 2️⃣2️⃣0️⃣1️⃣ (@filipebarrost) September 11, 2022
Na tarde deste domingo (11), o LEC divulgou nota de repúdio à violência.
Confira:
O PT Londrina também emitiu nota nesta tarde sobre a acusação feita pelo deputado.
Veja a nota do PT Londrina:
A assessoria do parlamentar e candidato à reeleição informou na noite deste domingo que Barros vai registrar um Boletim de Ocorrência na manhã de segunda-feira (12), na sede na PF (Polícia Federal) em Londrina. Integrantes da equipe já registraram boletins neste domingo e deverão fazer exames de corpo de delito no IML (Instituto Médico-Legal) também na segunda.
(Com Adriana de Cunto/chefe de Redação e Diego Prazeres/editor)
Atualizada às 21h15.