A disputa pela presidência da Assembléia Legislativa passou ontem a contar com mais um "concorrente". Polarizada entre os deputados estaduais Hermas Brandão (PTB), primeiro secretário da Casa, e Valdir Rossoni (PTB), líder do governo, agora a Assembléia tem mais um grupo disposto em ver os seus interesses atendidos no processo eleitoral. Formado por parlamentares radialistas e os chamados integrantes do "baixo clero" (deputados de pálida influência), eles apresentaram uma emenda ao projeto de resolução, que muda a forma de votação, proibindo a apresentação de chapas prontas, o que vai de encontro a uma manobra em curso que tenta emplacar Hermas e Rossoni numa mesma composição.
A rebelião dos deputados aconteceu no momento em que se analisava a proposta de mudança no Regimento Interno, que vai permitir a antecipação da eleição da Assembléia, em no máximo até o dia 15 de dezembro e a votação em bloco dos candidatos aos cargos da mesa. Os "rebelados" questionaram o texto da proposta, formalizada pelo deputado Ademar Traiano (PTB) e encabeçada à distância por Hermas Brandão. A proposta, ainda não apreciada em plenário, abre possibilidade de votação automática para presidente, três vice-presidentes e cinco secretários, todos cargos da mesa e cobiçados pelos deputados de oposição e situação. Atualmente, o regimento estabelece eleição em fevereiro, quando a gestão de dois anos termina. A regra é clara. Os deputados votam separadamente para presidente, depois para os vices, e finalmente para os secretários.
"Não vamos aceitar votos fechados em chapão. Essa é uma prática anti-democrática, usado no tempo da ditatura", esbravejou o deputado-radialista Ricardo Chab (PSDB). Respaldado por Algaci Túlio (PTB), Chab encaminhou ainda uma proposta pedindo a votação em separado.
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A reação do "baixo clero" causou polêmica e provocou um bate-boca entre os deputados. No auge da discussão, o deputado Luiz Carlos Alborghetti (PTB), que também é radialista, anunciou que os deputados iriam se reunir ontem à noite para lançar o nome de mais um candidato ao processo. O encontro estava marcado na casa do deputado Neivo Beraldin (PSDB) e contaria com a presença de 13 deputados, dentre eles: César Seleme (PPB), Antônio Carlos Belinati (sem partido), Ricardo Maia (PSB), Antônio Praczyck (PL), além dos deputados radialistas.
Apesar do tumulto gerado, os dois candidatos - Valdir Rossoni e Hermas Brandão - não acreditavam em mudanças. Ontem, eles permaneceram a maior parte do tempo articulando com os demais deputados. Rossoni marcou um encontro na segunda-feira, com os deputados da oposição. Anteontem, Hermas esteve reunido com o mesmo grupo. Independente desses encontros, alguns deputados dão como consumada a composição entre Rossoni e Hermas. "A composição (defendida por Lerner) é uma realidade cada vez mais concreta", avaliaram diversos parlamentares ouvidos pela Folha.