Temas polêmicos, de cunho mais político que técnico, dominaram as discussões dos deputados estaduais no primeiro semestre deste ano. Privatização da Copel, a prisão do ex-prefeito de Londrina Antonio Belinati e o novo plano de saúde para o funcionalismo público foram alguns dos temas mais debatidos em plenário. Embora o número de projetos aprovados tenha sido maior, comparando-se com anos anteriores, a importância das novas leis aprovadas pelos parlamentares paranaenses é questionável. Com algumas exceções, os projetos mais importantes foram aprovados às pressas na última semana antes do recesso. Os deputados estão de férias e só voltam ao trabalho no dia 1º de agosto.
Logo após o começo dos trabalhos do Legislativo, em 15 de fevereiro, os deputados da bancada de oposição encaminharam projeto para revogar a autorização dada pela Assembléia ao governo do Estado para a venda da Copel. O assunto dividiu os parlamentares, causou estragos na base aliada ao governo e resultou no primeiro projeto de lei de iniciativa popular encaminhado à Casa. Mais de 120 mil paranaenses de 241 municípios referendaram o projeto que tenta impedir a venda da estatal de energia, que o governo pretende realizar em outubro. A votação, no entanto, foi adiada para o segundo semestre. Destino semelhante teve o projeto que implanta um novo plano de saúde para os servidores.
Para o professor de Ciências Sociais da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo de Oliveira, a análise do trabalho dos deputados mostra que a produção do Legislativo local ainda é muito baixa. Ele coordena o acompanhamento das atividades parlamentares, feito por dois acadêmicos em parceria com a Folha.
Leia mais:
Bolsonaro é plano A, posso ser o plano B, diz Eduardo sobre eleição de 2026
Comissão de Constituição e Justiça aprova projeto que transforma Detran em autarquia
Plano de precatórios garante economia milionária para Londrina
Reforma da Câmara Municipal de Londrina deverá ser entregue somente em 2025
Ricardo Oliveira lembra que no segundo semestre devem se intensificar as mudanças partidárias por causa das eleições do próximo ano. "Agosto e setembro serão meses decisivos para o troca-troca de partidos, que precisa ser feita um ano antes da próxima eleição", diz.
O professor também avalia que a corrida presidencial deve dar o tom no cenário político de agora em diante. E ter reflexos na estrutura partidária do Estado. Segundo Ricardo Oliveira, a vinda de candidatos à presidência da República, como o caso do governador do Rio, Anthony Garotinho (PSB), que esteve na Assembléia na semana passada, é um sinal disso. Além de fazer campanha, o governador fluminense veio avalizar a filiação do deputado Hidekazu Takayama, tradicional aliado ao governo do Estado.
Estas mudanças, prossegue o professor da Federal, vão significar uma reengenharia na base oposicionista e na base aliada ao Palácio Iguaçu. "Além do mais, com a proximidade das eleições há uma tendência natural de aliados deixarem de lado a fidelidade para não sofrerem o desgaste que acarreta a permanência nas fileiras governistas."
Pelo levantamento publicado mensalmente pela Folha, em junho, a Assembléia paranaense realizou 13 sessões ordinárias. Para cumprir promessa do presidente da Casa, Hermas Brandão (PTB), e limpar a pauta de votações, foram necessárias 14 sessões extras.