Depois de cerca de dois anos de investigações, jornalistas da RPC e da Gazeta do Povo descobriram documentos escondidos, sem ordem numérica, que ocultavam atos do poder legislativo do Paraná. O escândalo foi mostrado no telejornal Paraná TV 1ª edição desta terça-feira (16).
De acordo com a reportagem, esses diários acabam com a tentativa de transparência na Assembleia Legislativa, facilitam o desvio de dinheiro público e ainda não permitem a fiscalização da sociedade.
A 100 km da AL, numa propriedade rural de Cerro Azul - município situado na Região Metropolitana de Curitiba, foram descobertas Germina Maria Leal, de 60 anos, e sua filha Vanilda Leal, de 32. Elas são agricultoras e residem numa casa de chão batido. Ela e a filha estão na lista de funcionários da AL que foi divulgada no ano passado. Os pagamentos em nome das duas somavam R$ 1,6 milhão. Dinheiro que elas nunca viram.
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Gente humilde
O Paraná TV mostrou que elas têm vida simples e que sobrevivem da roça, do Bolsa Família e da ajuda dos amigos da igreja. Elas não têm ideia de como foram parar nessa lista. Foram descobertos ainda depósitos mensais que variavam de R$ 12 mil a R$ 35 mil em nome de Vanilda, que não tem estudo. Elas afirmaram que nunca abriram conta em banco.
Mãe e filha são vítimas de uma fraude que movimenta milhões de reais em dinheiro público. O esquema que emprega laranjas é encoberto pelos Diários Oficiais. Na sala do arquivo, o que parece desordem é na verdade estratégia. Faltam dezenas de edições. Muitas saem da gráfica com poucas folhas, justamente para dificultar a divulgação de atos dos deputados, leis, decretos, contratações e demissões.
Edições avulsas
A reportagem mostrou ainda que as edições avulsas que deveriam ser excepcionais, tornaram-se comuns. Germina quer Justiça, já que o esquema causou prejuízo à sua vida. Um filho da vítima revelou que a mãe nunca conseguiu se aposentar porque constava em seu nome um 'ganho' considerável pela Assembleia.
O setor administrativo da AL informou que Germina estava lotada no gabinete do deputado Geraldo Cartário, mas foi demitida logo após sua cassação, em 2009. Ainda de acordo com a Assembleia, Vanilda trabalha no gabinete do deputado Jocelito Canto (PTB), mas o deputado disse que desconhece esta informação.