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Detroit Motors pode ter sigilo quebrado

Dimitri do Valle - Folha do Paraná
21 jun 2001 às 09:21

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O Ministério Público estadual vai encaminhar à Justiça um pedido de quebra de sigilo bancário da empresa Detroit Motores, fabricante dos motores da picape Dakota produzida pela montadora Chrysler, em Campo Largo, Região Metropolitana de Curitiba. Desde março deste ano, a Promotoria de Investigação Criminal (PIC) apura de que forma o governo emprestou US$ 10 milhões à Detroit em 1997. A empresa está desobrigada de devolver o dinheiro com juros e correção monetária.

De acordo com o coordenador da PIC, procurador Dartagnan Abilhôa, o objetivo da ação judicial, que ainda não tem data para ser apresentada, é rastrear a aplicação do dinheiro. O procurador confirmou que o caso não vai ser arquivado diante dos indícios de irregularidades que estão sendo investigados no financiamento. Além da PIC, a Delegacia de Crimes contra a Administração Pública também trabalha na investigação.

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Abilhôa avisou, por intermédio da assessoria de imprensa, que foi decretado segredo de Justiça. O procurador alegou que o sigilo é necessário por causa da necessidade da PIC ter acesso às contas bancárias da empresa. O caso Detroit partiu de uma denúncia do servidor municipal Roberto Rocha. Ele entregou documentos à promotoria que sugerem a ocorrência de uma série de irregularidades e privilégios na concessão do empréstimo de US$ 10 milhões, cujo prazo de devolução só vence em 2007.

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Como garantia para obter o financiamento, a Detroit apresentou ao governo um terreno de 30 mil metros quadrados localizado na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). A empresa comprou o imóvel da Paese Participações Societárias Ltda por R$ 3 milhões. Antes de passar pelas mãos da Paese e da Detroit, o terreno pertencia à Companhia de Desenvolvimento de Curitiba (CIC), empresa ligada à Prefeitura na área de fomento industrial.


No entanto, a promotoria tenta esclarecer como o imóvel foi comprado pela Paese junto à CIC por apenas R$ 18 mil, mas acabou sendo dado pela Detroit como garantia para conseguir o empréstimo de US$ 10 milhões. O governo do Estado defendeu a realização do negócio, argumentando que apesar da renúncia de juros e correção monetária, terminaria lucrando com a criação de empregos e recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

O caso também está sendo analisado pela Assembléia Legislativa. O presidente da Casa, deputado Hermas Brandão (PTB), disse ontem que enviou um pedido de informações ao servidor Roberto Rocha, solicitando mais documentos. Rocha disse que ainda não tinha recebido o documento, que requisitava detalhes sobre benfeitorias que a Detroit teria realizado no terreno.


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