A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, indicou uma importante mudança de posição em relação ao seu mentor político e antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, ao indicar sua preferência pela compra de caças americanos pelas Forças Armadas brasileiras, segundo afirma reportagem publicada nesta quinta-feira pelo jornal espanhol El País.
O jornal faz referência à informação divulgada pela agência de notícias Reuters de que Dilma teria relatado sua preferência pelos caças F-18 Super Hornet, fabricados pela americana Boeing, ao secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, durante sua visita ao Brasil na segunda-feira.
Sob o título "Dilma Rousseff se distancia de Lula", o jornal observa que Lula sempre demonstrou preferência pela compra dos caças Rafale, fabricados pela francesa Dassault.
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"A amarga disputa entre a França e os Estados Unidos para conseguir o contrato de modernização da Força Aérea do Brasil, considerado como uma das maiores operações da década, teve uma virada importante com a afirmação da nova presidente Dilma Rousseff de que o F-18 Super Hornet da Boeing supõe uma oferta melhor do que a dos Rafale, da Dassault", diz a reportagem.
O jornal comenta que a preferência de Lula pelos caças franceses foi citada por um documento interno da Embaixada dos Estados Unidos em Brasília, divulgado pelo site WikiLeaks, como o "maior obstáculo" para que a empresa americana conseguisse o contrato.
O mesmo documento, observa o jornal, indicava que os F-18 tinham apoio dos chefes militares e do ministro da Defesa, Nelson Jobim, mas que eles reconheciam que a compra dos caças da Boeing não seria possível se o governo americano não autorizasse a companhia a transferir tecnologia aos brasileiros.
Irã
Para o diário espanhol, a política brasileira em relação aos Estados Unidos sofreu "uma sensível mudança de rumo" com a chegada de Dilma à Presidência, não somente em relação aos caças mas também em outros campos.
O jornal comenta que os Estados Unidos viram "com receio" a aproximação brasileira com o Irã durante o governo Lula, mas que Dilma já deu indicações de que adotará uma postura mais crítica em relação ao país persa.
A reportagem cita um discurso recente de Dilma na Confederação Israelita do Brasil (Conib), diante de sobreviventes do Holocausto, no qual afirmou que seu governo será "um incansável defensor da igualdade e dos direitos humanos em qualquer parte do mundo".
Para o jornal, foi "um claro indício da mudança" da política em relação ao Irã, cujo presidente, Mahmoud Ahmadinejad, nega o Holocausto.
"A saída de Lula e a chegada de Rousseff permitiram que a diplomacia brasileira modificasse rapidamente sua posição e impulsionasse uma nova e potente aproximação com o governo Obama", diz a reportagem.
Para o jornal, essa aproximação já pôde ser percebida com as visitas recentes ao Brasil do senador e ex-candidato presidencial John McCain e do secretário do Tesouro e com o anúncio da visita do próprio presidente Barack Obama em março.