Encerradas as eleições municipais, as principais lideranças políticas do Paraná já vislumbram a campanha geral de 2018, quando o governador Beto Richa (PSDB) encerrará o seu segundo mandato à frente do Palácio Iguaçu. Os grupos políticos liderados pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP), e pelo secretário do Desenvolvimento Urbano do Paraná, Ratinho Junior (PSD), têm interesse no comando do Executivo estadual.
Analistas ouvidos pela FOLHA, entretanto, avaliam que o cenário pós-segundo turno nos principais colégios eleitorais revela um equilíbrio na correlação das forças, colocando os caciques em compasso de espera para as articulações. Em Curitiba, Rafael Greca (PMN), eleito prefeito, teve o apoio do PSDB, mas para o pesquisador do Observatório de Elites Políticas e Sociais do Brasil (UFPR), Luiz Domingos Costa, Beto não pode ser considerado vitorioso politicamente, pois não teve participação na campanha. "Eu não acho que a vitória do Greca dá um novo fôlego eleitoral ao governador, Beto não sai repaginado destas eleições, não está garantido que vai ter vida fácil na possível tentativa de ser senador, porque o apelo eleitoral dele está desidratado."
Para Costa, a presença do aliado do PMN na prefeitura da capital garante acesso à administração municipal e pode ajudar o governador nas articulações, "pode melhorar a sua condição de negociar com os Barros e com o Ratinho, é inegável que ter acesso à prefeitura é trunfo importante, do ponto de vista das alianças."
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O analista político e professor de filosofia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Clodomiro Bannwart, aponta que a derrota de Ney Leprevost (PSD) enfraquece "por ora" Ratinho Junior. "Esta derrota pode ainda afastar o PSD da base de apoio do governador Beto Richa na Assembleia Legislativa, impondo tempos difíceis para a governabilidade dele", afirmou.
Segundo Bannwart, a disputa municipal de Maringá, onde Silvio Barros (PP) perdeu para Ulisses Maia (PDT), revelou "certa desidratação do grupo da família Barros e, consequentemente, do próprio Beto Richa". Com o equilíbrio momentâneo no Paraná, a reorganização das forças políticas estaduais, comenta o professor, estará ligada também aos rumos da gestão na esfera federal. "Os possíveis alinhamentos de forças dentro do Estado, neste momento, dependem também, a meu ver, do tabuleiro do jogo posto na esfera nacional, onde não há nenhuma previsibilidade. Quais serão as forças políticas em condições de disputar a Presidência da República em 2018, levando em conta a operação Lava Jato nas ruas, que cada dia mais criminaliza o espectro partidário nacional?"