Os depoimentos do auditor fiscal Luiz Antônio de Souza, suspeito de integrar o esquema de cobrança de propina descoberto dentro da Receita Estadual em Londrina, ajudaram o Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) a formular a segunda fase da Operação Publicano. Souza fechou um acordo de delação premiada com o Ministério Público (MP) no mês passado, e revelou diversos fatos novos aos promotores. De acordo com o auditor, o esquema criminoso existia dentro da Receita desde 1985, primeiro ano dele como funcionário do órgão. Souza afirmou, ainda, que os auditores integrantes da organização chegaram a cobrar até R$ 300 mil de cada empresário em troca de sonegação fiscal.
O delator também detalhou a divisão dos valores obtidos por meio da vantagem indevida: de 30% a 40% da propina eram divididos entre inspetores e delegados da Receita, e o restante, 60%, ficava com o auditor responsável pela cobrança.
Souza citou, ainda, nomes de fiscais beneficiados com o dinheiro de corrupção: Gilberto Della Coleta, Hélio Obara e José Aparecido da Silva, os três no cargo de diretor geral da Receita em Curitiba; Clóvis Agenor Rogge, Lídio Franco Samways Junior, José Aparecido Valêncio da Silva (novamente) e Márcio Albuquerque de Lima, todos como inspetores gerais de fiscalização; Lídio Samways Junior (de novo) e Gilberto Favato, como "assessores" do inspetor geral de fiscalização; José Henrique Hoffmann, como chefe de fiscalização de empresas; Marcos Luís Ferreira Arrabaça, como chefe de mineração de dados; Márcio Albuquerque de Lima (novamente) e José Luiz Favoreto, no cargo de delegado-chefe da Receita em Londrina; e Jaime Nakano, Milton Digiácomo e o próprio Luiz Antônio de Souza, como fiscais de operação.
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O delator revelou, também, que "poucos fiscais da Receita não são corruptos" e que existem alguns que só não participam do esquema por não terem competência de "firmar o acordo de corrupção". A maioria dos auditores, conforme Souza, integra o "sistema de arrecadação de propina".